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8 coisas mais legais que os Minions

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>> Não, eu não voltei. Não ainda. O blog está trabalhando em Estado de Exceção, ou respirando com a ajuda de aparelhos, como vocês preferirem. Considerem o post de hoje como a hora da visita. 

Eu sou sempre a última pessoa a assistir aquele filme de animação que fez o maior sucesso nas férias e foi o grande campeão de merchandising do ano. Não é que eu não goste de animação ou me ache adulta demais pra ver filme de criança, é que eu costumo evitar o gênero porque acho que não vou ter estrutura emocional pra eles - e na maioria das vezes eu não tenho mesmo. Eu não consigo ser uma pessoa normal que lida com todas aquelas metáforas e aqueles animais falantes e aquelas coisas bonitas e profundamente emocionantes acontecendo, e segue com a vida. Eu sou o tipo de pessoa que vai passar um mês inteiro chorando depois de um filme da Pixar. 

Lembro quando fui assistir Up: eu estava num date e digamos que foi um pouco constrangedor para o rapaz o fato de que eu soluçava de tanto chorar e só queria ir pra casa chorar mais um pouco depois. Aí eu voltei, inchada e sofrida, fui contar pra minha mãe do filme e me acabei em lágrimas de novo. Eu não consigo nem ouvir a música tema de Up sem engasgar um pouquinho. Eu já chorei ouvindo a trilha de Frozen no ônibus, e nem gosto tanto assim do filme. Eu sou esse tipo de pessoa. 

Então, para evitar a fadiga, só assisto animações quando não posso evitar quando sinto que estou numa fase boa o suficiente pra aguentar o rojão. E foi por conta disso que até o ano passado eu ainda não tinha visto Meu Malvado Favorito. 

Não ter assistido ao filme, no entanto, não fez com que eu ficasse imune ao fenômeno dos Minions. Aliás, por muito tempo eu achei que Meu Malvado Favorito fosse um filme só dos Minions. Meus primos são obcecados, desses que foram pra Disney e voltaram pra casa com boné, camiseta, e até Crocs (crocs!!) dos Minions, isso pra não falar do material escolar. Olhando isso eu só conseguia pensar:
  1. Meu Deus como esse excesso de amarelo é FEIO;
  2. Esse filme deve ser no mínimo muito divertido e diferente pra justificar todo o frenesi;
Daí fui ver o filme, né? É muito divertidinho, realmente uma graça, chorei moderadamente e tudo, mas a impressão final é que a presença dos Minions é praticamente irrelevante no filme. Tá, agora eu já não lembro tanto assim no roteiro e algo me diz que o plano deles ajuda os personagens principais, mas o negócio é que o filme tem mil coisas acontecendo que são mais legais que os Minions. Não faria a menor diferença se, ao invés de Minions, o filme tivesse, sei lá, grilos falantes ou dragões chineses fofinhos. Gente, os Minions não têm a menor graça. 

Sei que essa coisa de graça é subjetiva e ninguém se importa que eu aqui não gostei enquanto as pessoas estão pagando dez realidades (DÉRREAL!!) em cada bonequinho lançado pelo McDonalds. Não estou julgando ninguém e no fim das contas vamos todos morrer mesmo (lembrando sempre que eu tive o álbum da Copa), mas não consigo me conformar com a euforia em torno disso. Por muito tempo odiei calada, porque não queria ser esse tipo de pessoa, até que o dia que eu e a Couth secretamente compartilhamos nosso ódio em comum e acho que nossa amizade atingiu um novo nível de amor e compressão mútua depois disso.

Como são tempos difíceis para quem odeia Minions, graças ao novo filme e à invasão do McDonalds, resolvi fazer esse post como um pequeno refúgio para todos os odiadores de Minions anônimos por aí, com uma lista de várias coisas infinitamente mais legais que essas criaturas amarelas pra vocês verem que não estão loucos. Eles são um saco mesmo. O mundo é mais do que isso. Amigos, vocês não estão sozinhos. 

1) Minions da Blair Waldorf


Elas são bem vestidas, usam meia-calça colorida e tiara na cabeça. Com alguns toques no celular elas são capaz de derrubar monarquias colegiais sem descer do salto. A malvada favorita delas é Blair Waldorf, e todos sabemos que she's the crazy bitch around here, certo? 

2) Oompa-Loompas


Eles fabricam chocolate. Ponto. Além disso, as musiquinhas são ótimas. E no fundo eles me passam a impressão de ser meio moralmente ambíguos, talvez meio sádicos. Sei lá. São misteriosos e isso basta pra sustentar o interesse por muito mais tempo do que os Minions jamais conseguiriam.

3) Os Sete Anões


Eu me surpreendo toda vez que paro pra pensar que existe material escolar e brinde do McDonalds dos MINIONS e não existe nada parecido dos Sete Anões. Só o Zangado tem mais graça que todos os Minions juntos. Enquanto a coisa mais divertida que eles são capazes de dizer é BANANA!, o Zangado nos ofereceu aquele momento em que diz "Mulheres, BAH! Elas são falsas, cheias de sortilégio!". Misoginias de Walt Disney a parte, é uma das cenas mais divertidas da Disney. E tem o Soneca! E o Atchim! E o Dunga!

4) Literalmente qualquer coadjuvante da Disney


5) As Kardashians


KERO! Agora com a Caitlyn Jenner ainda vem com o adicional de ser exemplo de representatividade pra combater a invisibilidade trans. Super contemporâneo e interseccional!

6) Pokémons


Se quiser fazer nail art cafona, faça do Jigglypuff, pelo menos.

7) As migas da Taylor Swift





With friends like these, who needs an army?

8) Meredith Grey e Olivia Benson


I rest my case.

Então eu escrevi um livro

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Vocês acreditam nisso? Eu também não. Ainda não. 

A Analu, que também já escreveu um livro (e eu já escrevi sobre o livro que ela escreveu), me disse que eu ainda vou passar um tempo pensando que é mentira e que tudo foi um sonho, mas sempre quando eu acordar ele vai estar ali, na minha cabeceira, totalmente de verdade, totalmente meu. O livro que eu escrevi. 

Eu escrevi um livro. Eu escrevi um livro. Eu escrevi um livro. Preciso ficar repetindo isso pra me acostumar com a ideia, porque chegar até aqui foi tão difícil que eu ainda acho que vou acordar em algum momento e estar presa naquele primeiro final de semana em que passei todas as horas possíveis na frente do computador até chegar no domingo à noite com meia página escrita, odiando todas as palavras que estavam nela, e achando que eu nunca conseguiria. 

Desde que tentei participar do NaNoWriMo ano passado e falhei miseravelmente, me tornei uma consumidora compulsiva de manuais de escrita e livros de autoajuda para escritores. Se estava na loja Kindle por menos de 20 pila, pode ter certeza que eu comprei, li, e grifei inteiro. Um dos primeiros foi o Write Everyday, da Cathy Yardley, e nele ela dedica um capítulo para cada um dos problemas mais comuns que podem estar atrapalhando alguém a escrever. Um deles é o medo. 

É verdade que eu me identifiquei com todos os obstáculos apresentados: falta de tempo e energia, ausência de um processo criativo eficiente, falta de planejamento; mas o maior problema, de longe, era o medo. É claro que eu sabia disso desde a primeira noite que passei encarando o documento em branco sem conseguir escrever uma linha, mas foi importante ver o medo ali, catalogado. Ah, então não sou só eu. Ah, então o medo é realmente uma thing. Ah, então as pessoas sentem medo e isso não é coisa da minha cabeça. Praticamente tudo que eu já li sobre a escrita fala sobre esse medo. Medo, pavor, pânico de criar. Medo de falhar. Medo de não ser suficiente. Medo de dar tudo errado. Medo do desconhecido. Medo de que todos descubram que eu sou uma farsa. Medo, medo, medo, todos eles empilhados sobre minha cabeça, me impedindo de fazer qualquer coisa. 

Conversando sobre isso com um amigo mais experiente, na esperança de que ele me fizesse companhia no incrível exercício que é sentir pena de mim mesma, tive que ouvir de volta algumas verdades. Ele me disse primeiro que eu só conseguiria escrever quando começasse a escrever - antes disso nem ele nem ninguém poderia me ajudar. Ele disse que medo todo mundo tem, mas as pessoas estão aí escrevendo independente disso. E ele disse também que, embora o medo seja normal, eu estava falando sobre escrever, que é aquilo que eu faço e sempre fiz; medo eu deveria sentir se estivessem me obrigando a resolver um problema de física quântica. 


Ele disse por último que o único jeito de superar o medo de escrever, de novo, é escrevendo. 

Então, com muita dificuldade e depois de muito choro, eu resolvi sentar e escrever. Achando difícil, tremendo de medo, mas escrevendo. Não é física quântica, Anna Vitória, você pode fazer isso foi a frase que eu mais repeti pra mim mesma nos últimos meses. Tem uma outra frase muito ótima do Thomas Mann em que ele diz que "um escritor é alguém para quem escrever é mais difícil do que para as outras pessoas.” Essa definição é a mais apropriada que já encontrei para tentar definir essa minha vida de gente que junta uma letra depois da outra, seja por profissão ou só vontade de sofrer mesmo. Porque já faze uns anos que escrever pra mim é isso, sofrimento - embora já tenha sido muito fácil.

Mantenho esse blog há sete anos e meio (!), e é assustadora a forma como minha relação com o texto mudou ao longo do tempo. Antes eu contava casos bestas sobre a minha vida, falava de algum filme que eu tinha assistido, pirava na batatinha com relação aos temas que me interessavam, seguindo bem a cartilha do blog raiz que estava na moda há dez anos. No entanto, algo aconteceu ali no meio do caminho que de repente eu comecei a escrever os casos bestas da minha vida, a escrever o que eu tinha achado daquele filme que eu vi, escrever alguma piração sobre determinado tema do meu interesse. Foi como se de repente eu tomasse consciência daquele ofício e isso mudou pra sempre minha relação com o texto. De repente, não era mais tão fácil.

E acreditem, eu amo escrever. Faço isso por prazer, por gosto, por dinheiro e porque é a única coisa que eu sei fazer. Gosto tanto de escrever que acho muito estranho gente que não escreve, mas, ao mesmo tempo, acho que escrever é uma das atividades mais moralmente degradantes que alguém poderia escolher, e tenho inveja de quem não precisa fazer isso. 

(Meu Deus tem gente que não escreve, deve ser incrível ser uma dessas pessoas)

Acho que esse todo esse desgaste e medo tem a ver com o fato de que criar é mesmo muito assustador. Você já parou pra pensar no que a árvore, o filho e o livro daquele velho clichê têm em comum? São três processos de criação. O primeiro é indireto, a gente só precisa dar um empurrão pra natureza; o segundo é direto, físico, visceral, em que a gente junta duas pessoas pra criar uma terceira que não existia antes; já o terceiro também é direto e visceral, mas vem da alma, e a gente arranca um pedaço nosso, mistura com o resto do mundo, e faz nascer algo que também não estava ali antes. Não sei vocês, mas essa ideia me arrepia os cabelos.

Além de tudo, meu livro é um trabalho de jornalismo. Com firulas de literatura, uma personagem que inventamos pra narrar os casos, mas uma história real, de pessoas reais, o que só adiciona mais responsabilidade à missão. Usar a vida dos outros para criar qualquer coisa que seja me causou um terror quase paralisante. E se eles odiarem? E se as pessoas acharem que eu inventei tudo isso? E se na verdade eu não entendi nada direito e estiver mentindo sem querer? E se a vida real não for  suficiente? E se eu não for suficiente? 

Foram semanas maravilhosas.

Mas eventualmente saiu, e agora eu posso assegurar a vocês que aquilo que as pessoas falam é verdade: uma hora sai mesmo. Às vezes rápido, ou, se você for eu, só depois de muitas noites seguidas na frente do computador até as quatro da manhã escrevendo uns três parágrafos todo dia. Mas sai. Você escreve. E chega um dia que você até vai gostar do que escreveu, e outros em que você vai escrever um monte e se sentir tão inebriada pelo trabalho que está fazendo que vai odiar qualquer outra coisa que não seja trabalhar naquilo. Até que você termina e reescreve tudo. De novo e de novo. Pensei que fosse lenda isso que dizem de que, ao escrever um livro, você escreve pelo menos uns três livros, mas é verdade. Foram mais ou menos umas quatro versões até chegar no resultado final.

Não fiz isso tudo sozinha. Como um trabalho da faculdade, meu livro, o nosso livro, foi escrito à oito mãos. Ficou no meu colo a responsabilidade de uniformizar os textos e cuidar da coerência do elemento ficcional da história, já que a personagem foi criada por mim, mas sozinha, sem todas aquelas fotinhas que comentavam e grifavam trechos e faziam aparecer frases escritas por fantasmas no Docs durante a madrugada, eu não teria saído daquele primeiro fim de semana que me rendeu meia página de vergonha e duas horas de choro compulsivo. Escrever é uma atividade sempre muito solitária, mas é muito melhor quando não se está sozinha. Escrevemos um livro. Escrevemos um livro. Escrevemos um livro.

Agora que acabou fica um vazio existencial enorme. Já sinto falta das nossas fontes, que eu aprendi a amar mesmo sem conhecer, e se eu tivesse dinheiro a primeira coisa que faria seria organizar uma festa que reunisse todos os nossos viajantes num baile sobre rodas, com janelas abertas, música alta e paisagens bonitas. Eu ainda tenho uma banca pra me preocupar, e depois a missão de encontrar um jeito de fazer esse livro chegar até as pessoas (sugestões? estou falando muito sério), e uns dois ataques cardíacos que vim adiando e preciso sofrer em algum momento. Mas agora acabou e não tem mais revisão, nem parágrafos reescritos, e nem discussões filosóficas sobre a materialidade da personagem e se ela pode dar uns tapinhas nas costas de alguém. Existe o vazio daquele meu pedaço que foi junto com as palavras, mas não é uma ausência e sim a saudade da adrenalina que foi arrancá-lo fora. Talvez eu precise fazer isso de novo. Mas antes, claro, os ataques cardíacos. E a banca. E uma semana de férias. Aí podemos conversar.

Por enquanto, meu conforto é olhar para a cabeceira e ver ele ali. O livro que eu escrevi.

(Meu Deus, tem gente que não escreve, deve ser horrível ser uma dessas pessoas.)





































* O Itinerância ainda não está disponível e eu nem sei quando isso vai acontecer, mas temos uma página no Facebook com um monte de coisa legal. Pode curtir, mandar nudes e até mesmo contar sua história. É sério. 
** Acho que estou de volta. Espero que ainda tenha alguém aí do outro lado. 

Ode aos meus amigos

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Para ler ouvindo (porque eu escuto essa música pensando nos meus amigos e sempre choro, e porque eu não poderia escrever um post sobre amizade sem a minha melhor amiga famosa):


As pessoas sempre me perguntam se eu estou namorando, mas raramente me perguntam sobre os meus amigos. Aliás, as pessoas falam mais sobre um namorado que eu nem tenho do que sobre os meus amigos, que estão aqui todos os dias. Não é estranho? Costumo brincar que nunca fui namoradeira e nem encontrei o amor da minha vida porque gastei minha cota de sorte ficando amiga das melhores pessoas do mundo. É brincadeira (eu ainda tenho um saldo positivo de sorte pra gastar com o amor da minha vida, né? NÉ???), mas é verdade também. Eu realmente sou amiga das melhores pessoas do mundo.  


Sei que é moda dizer que se tem poucos, mas bons, amigos. Todo mundo prefere. Concordo, acho que é melhor mesmo se ter um amigo de verdade do que 10 amigos-até-a-página-seis, 20 colegas e 300 conhecidos no Facebook, mas, como eu disse, tive muita sorte na vida. Eu tenho muitos amigos. Descobri isso esses dias quando fui contar o número de pessoas que considerava minhas amigas de verdade e me faltaram dedos nas mãos pra contabilidade. Isso é muito, não é? Tenho muitos e ótimos amigos. 

Digo isso sem medo de parecer exibida e sem vontade de ser modesta porque considero os meus amigos um milagre, e acho que milagres têm que ser celebrados. Fui assistir Paper Towns semana passada e fiquei um tempão pensando no texto que abre o filme, em que o Quentin diz que seu milagre era ter sido vizinho de Margo Roth-Spiegelman: dentre todas as estados, todas as cidades, todos os bairros e todas as casas, ela foi morar justo do lado dele. Não era exatamente uma loteria, mas é como se fosse.

spoiler: o milagre não era a Margo
Quando eu era mais nova eu pensava muito sobre isso, sobre esses acasos milagrosos que acabam mudando o rumo das nossas vidas. Tinha o menino bonitinho da sala, aquele que todas as meninas gostavam, e tinha uma menina que era vizinha e amiga dele da vida toda. Eu pensava: sempre tem uma menina pra ser vizinha do menino que a gente gosta, e essa menina nunca sou eu. Do mesmo jeito que eu não era a menina sorteada pra fazer trabalho no grupo dele, e a professora nunca me escolheu pra sentar perto do garoto que poderia ser meu namorado.

Eu escapei de todos esses milagres, e quando tinha 12 anos e assistia A Nova Cinderela, costumava me lamentar pensando que se alguém fosse chamar a atenção de um equivalente a Austin Ames, essa pessoa não seria eu. Não seria eu que perderia o celular no dia do baile pra ele encontrar, e nem seria comigo que um cantor italiano trombaria no meio da rua pra depois me convidar pra fazer um show com ele #referências A vida inteira, todos esses clichês de comédias românticas que sempre precisam de um pequeno milagre, um golpe de sorte ou um empurrão do destino pra acontecer, nunca aconteceram comigo. 

No entanto, quando meus pais foram procurar uma escola pra mim depois do jardim de infância, eles rodaram a cidade inteira e ficaram entre duas opções. Numa tarde de sábado, eles saíram comigo pra que eu visitasse as duas e escolhesse a que eu gostasse mais. Antes, uma parada. Uma amiga da minha mãe queria muito que ela conhecesse a escola onde os filhos dela estudavam, um lugar pequeno e pouco conhecido, e foi lá e marcou uma visita, meio que sem minha mãe pedir (ou querer). Pra não fazer desfeita, a gente foi lá ver qual era antes de ir pras outras escolas. Resultado: eu e meus pais amamos tanto aquele lugar que nem chegamos a visitar os outros dois colégios. 

Fizemos a matrícula na segunda-feira e foi lá, no ano 2000, que eu conheci os meus melhores amigos. Dentre todas as escolas, de todas as cidades, entre todas as salas, e todas as panelas, foi ali que a gente se encontrou e é aqui, juntos, que estamos até hoje. Não é um milagre?


Da mesma forma, com o fim da escola, eu poderia muito bem ter feito mais um ano de cursinho e tentado vestibular em São Paulo, como minha mãe queria. Ou eu poderia ter ido estudar em Belo Horizonte, como meu pai queria. Ou eu poderia ter feito Direito, como todas as pessoas queriam. Mas eu fiquei aqui, no Jornalismo, e no primeiro período eu fiz amigos, que hoje escreveram um livro comigo, sem nunca brigar - e todo mundo disse que a gente brigaria. Logo eu, que estava morrendo de medo de estar num lugar onde eu não conhecia ninguém, eu que nunca soube muito bem fazer amigos (!) porque a última vez que havia feito isso foi com seis anos de idade, caí numa sala cheia de gente que ri comigo, com quem eu faço planos pro futuro, com quem eu acabo de alugar um apartamento na praia pro feriado. Não é exatamente uma loteria, mas é como se fosse.

Por fim, tem aquela história que vocês já conhecem. São milhões de pessoas vagando a esmo na internet entre textões e gifs de gato, mas eu caí no grupo do Facebook com as amigas que me fazem pensar que não quero reescrever as nossas linhas que se não fossem tortas não teriam se encontrado. É tanto amor que eu escuto músicas românticas da Sandy e penso nas minhas amigas. Eu poderia ter ido dormir mais cedo naquelas primeiras folias, eu poderia ter saído do grupo pra estudar pro vestibular, eu poderia ter acreditado que era loucura viajar 600 quilômetros pra me encontrar com pessoas que eu nunca tinha visto antes, mas olha onde isso me trouxe. Embora haja tanto desencontro pela vida, ela nos trouxe até aqui. Não é um milagre digno de filme?


Quis escrever tudo isso não pra dizer olha só como eu sou legal e tenho amigos legais, mas porque eu acho que a amizade é subestimada no mundo que vivemos. As pessoas dizem que quem tem amigos tem tudo, mas são essas mesmas pessoas que dizem depois que você sempre faz novos amigos e tudo bem. Ou então acham graça de você se despencar pro Rio de Janeiro pra surpreender sua amiga sem uma real necessidade, só porque sim, porque ela merece, porque a gente merece e quis assim. Ou então acreditam que os amigos meio que ficam ali pra tapar os buracos entre a vida familiar, seu trabalho, e seu relacionamento amoroso - nunca sendo uma prioridade, sendo os primeiros a ser deixados de lado quando a correria começa.

Não existe uma propaganda do Boticário ou da Coca-Cola pro dia do amigo, e as pessoas preferem qualquer história mais ou menos de romance do que ouvir minhas histórias com meus amigos, que são muitas, e eu adoro contá-las - logo eu, que detesto falar sobre minha vida pros outros. A sociedade me vê como uma fracassada e as pessoas me consideram sozinha porque não namoro ninguém, mas esquecem que enquanto eu estou "sem ninguém" eu fico até de madrugada sentada numa mesa conversando abobrinhas e rindo horrores com meus amigos, ou que desestabilizamos linhas de metrô, dançamos abraçadas aos berros e vimos o sol nascer juntas - seja depois de uma noite memorável ou depois que o mundo acabou, mas ficou tudo bem. How do you feel by the end of the day, are you sad because you're on your own? No, I get by with a little help from my friends. 


Saberei que encontrei a pessoa certa quando achar alguém com quem eu faça tanta questão de gastar meu tempo, meu dinheiro e minhas noites de sono como eu faço com meus amigos. Na loteria da vida eu não saí com o roteiro de comédia romântica anexado no meu destino, mas consegui os meus amigos. Na vida todo mundo tem um  milagre, e eles são o meu. Ainda bem. 

Feliz dia do amigo pras minhas pessoas - as melhores do mundo. 

17 coisas que aprendi com o Snapchat

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Meu pai costuma dizer que você está oficialmente ultrapassado quando surge uma nova onda na internet que você não apenas não faz a menor ideia do que ela seja ou como ela funciona, mas você simplesmente não entende o propósito daquilo. Assim, o surgimento do Snapchat me deixou com a sensação de que eu estava assinando oficialmente o atestado de tia da internet, e dali em diante só me restaria compartilhar notícias do Sensacionalista como se fossem reais, dar bom dia no Whatsapp com ilustração de minions e legendar as fotos assim............. que nem minha mãe faz..... rssss !!

Quando o Snapchat surgiu, eu não fazia a menor ideia da utilidade do aplicativo. Meus amigos compraram a proposta de corpo e alma, e enquanto eles se divertiam eu procurava entender a graça de uma rede social em que você envia fotos? que vão se excluir automaticamente? e vídeos de 10 segundos? que somem? tipo, pra que isso? Baixei e tentei usar, mas me senti extremamente ridícula e não conseguia me interessar por nada que as pessoas compartilhavam por lá. Eventualmente cansei de tentar, e meus amigos se cansaram de insistir pra que eu tentasse, e aceitei a derrota, entendi que de agora em diante ia perder algumas coisas e tudo bem. Tudo ótimo. Não se pode ter tudo. 

Mais recentemente, agora que o app realmente se popularizou e foi abraçado pela internet e pelos famosos, comecei a sentir uma nova coceirinha de curiosidade. Teimosa como sou, custei a admitir e dar o braço a torcer, e precisei encontrar um leão de cara bizarra que me convencesse a voltar. Explico: eu estava andando no shopping quando me deparei com um boneco de leão, não sei direito como chamar aquilo. 

Tinha uma espécie de instalação com vários bonecos de animais, meio que ali pras crianças subirem em cima e ficarem fazendo o que quer que seja que fazem as crianças. Só que o leão tinha uma cara bizarra, uma bunda gigante, e como eu não tenho maturidade nenhuma pra lidar com esse tipo de coisa, tive uma crise de riso. Segui em frente, fui jantar com meus amigos, e quando passei pelo leão de novo, outra crise de riso. Tirei fotos, fiz vídeos, mas senti falta de algo mais; o mundo precisava daquele leão, que não combinava com o Instagram (um pouco de dignidade sempre cai bem), não faria o menor sentido no Facebook, e que nem mesmo o Twitter poderia captar em sua plenitude. Eu precisava gravar um snap daquele leão. 

Foi aí que o aplicativo fez sentido pra mim: o Snapchat nada mais é que um lugar para pessoas que dão risada de leões deformados e sentem necessidade de dividir isso com o mundo. Depois desse episódio, baixei o Snap novamente e nunca mais larguei. É muito bom ser jovem novamente.

Isso aconteceu há pouco mais de dois meses, e nesse intervalo acho que já consegui sacar bem qual é a dele, aprender o que eu gosto, o que eu não gosto e até sentir vontade de cagar um pouco de regra sobre o que as pessoas devem ou não fazer por lá. Não vou me prestar a esse papel hoje, mas resolvi dividir com vocês um pouco das coisas que aprendi por lá, nessa que talvez seja uma das últimas fronteiras de intimidade compartilhada da internet. 

1) Tá todo mundo mal

Aprendemos isso com nossa amiga Jout Jout e o Snapchat veio pra provar isso. Tá todo mundo mal, gente. Enquanto no Youtube as pessoas estão bonitas, editadas, e sempre sob uma iluminação correta que as favorece, no Snap a gente aparece sem maquiagem, com o olho inchado, e todo mundo vê que você dorme com aquela camiseta do trabalho de escola feito em 2007. Assim como no Twitter a gente compartilha que vai no banheiro do trabalho fugir dos outros e pensar na vida, no Snapchat as pessoas ficam três dias sem lavar o cabelo, e mostram que estão comendo bolacha Passatempo o dia inteiro, ou então gravam 100 segundos contando sobre como o dia delas foi horrível, com direito a resfriado forte e sapato aberto na chuva. Eu adoro o Snapchat por isso. 


2) As pessoas ficam muito doentes

Pelo menos uma vez ao dia me deparo com o snap de alguém reclamando que tá doente. Não é doente de resfriado: é coisa séria, de ficar de molho em casa e fazer exames. Acho isso engraçado, porque eu nunca fico doente. Tipo, nunca. Tenho uma gripe forte e uma infecção de garganta por ano e é meio que isso - fora, claro, as constantes dores de cabeça e nas costas, mas isso são os meus maus hábitos gritando. No Snapchat as pessoas sempre estão doentes e indo ao médico, acho isso curioso. É normal não ficar doente? Deveria eu ir ao médico? Quando estou me sentindo mal vou dormir mais cedo, tomo uma Neosaldina, um chá e espero passar. Não é suficiente? Gente, tem que comer mais brócolis!

3) As pessoas realmente gostam de guacamole

Todo fim de semana tem pelo menos umas três pessoas comendo guacamole em algum restaurante. Eu sei que o fato de odiar abacate não me faz um bom referencial para isso, mas eu jurava que coisas com abacate não eram tão populares. No entanto, aparentemente, as pessoas gostam disso. E saem pra comer isso. E fazem isso em casa. E postam fotos. E vídeos. E fazem HHMMMMM no final. Abacate, gente. Eca.


4) Tem gente que come muito bem

Fico impressionada com os hábitos alimentares de algumas pessoas que eu sigo. É um povo muito bem alimentado! Falo não apenas das pessoas que comem coisas saudáveis, frutinha, salada, batata doce, tudo sem glúten e sem lactose, mas da galera que come umas coisas boas, bonitas, que chega em casa à noite e faz janta gostosa ao invés de miojo ou um misto quente. As pessoas cozinham coisas elaboradas, sofisticadas e comem coisas exóticas em restaurantes - ou no caso da Noelle, tem os melhores roomies do universo que fazem jantares incríveis como se fosse arroz com ovo. Olha, parabéns pra vocês. 


5) Tem gente que come muito mal

Desculpa, eu gosto muito de comida, então reparo muito no que os outros estão comendo. E tem gente que come muito mal. Dá vontade de mandar uma mensagem dizendo "amiga, é a terceira vez que você vai no McDonalds essa semana, isso mata!!" ou então perguntar se a mãe não ensinou que chocolate demais dá dor de barriga. Depois cês não sabem por que vivem doentes, né? Tem que se alimentar direitinho!


6) Todo mundo fala com bicho feito idiota

Uma das coisas mais fascinantes do Snapchat é descobrir a forma como as pessoas interagem com os seus animais. Com voz mais fina ou mais grossa, todo mundo é idiota e 95% das pessoas fazem vozinha. Gosto especialmente de quem conversa com o bicho e faz a voz dele (uma voz especial e cheia de personalidade) respondendo de volta. É meu tipo favorito de pessoa. 

7) As pessoas são mães dos seus bichos

As pessoas tratam seus cachorros, gatos, calopsitas, peixes beta e periquitos como filhos. Chamam de "filho" e se referem a si mesmos  como "mamãe" ou "papai". Nada contra, inclusive tenho uma mãe que trata o cachorro por filho e jura que somos irmãos, mas não deixo de achar engraçado. Algumas pessoas simplesmente não combinam com o título de mãe de bicho. 

8) Eu nunca vou cansar de ver vídeos e fotos de animais

Cachorro, gato, calopsita, peixes beta e periquitos, não importa. Eu vou ver 500 segundos deles sendo lindos e fofos e sentir saudade se você ficar um tempo sem mostrá-los. Just keep them coming. 

9) Há um limite pro overshare

Não estou falando de extremos, como aquela galera que grava snap fazendo xixi. Estou falando do cotidiano mesmo, sabe? Acho que isso acontece principalmente com blogueiras famosas, que estão tão habituadas a fazer a própria vida como material de trabalho que talvez não percebam o quão expostas estão. Talvez até percebam, mas não ligam pra isso. Não que seja um problema, mesmo, mas é que me sinto meio desconfortável por saber demais da vida dos outros, principalmente porque eu tenho vocação pra stalker, uma memória infinita pra fatos inúteis e às vezes percebo que sei tanto da vida de quem nem conheço que me sinto um pouco mal. Tipo, Anna Vitória, você não devia seguir o marido dessa blogueira e ainda saber que domingo ele joga basquete e depois eles saem pra comer um sunday roast e pizza à noite. Tipo, Anna Vitória, você não precisa reconhecer as pessoas pela roupa de cama que elas usam.


10) Você acha que conhece as pessoas

O Snapchat te dá uma sensação de proximidade muito grande com as pessoas. Se você segue gente que usa bastante o aplicativo, provavelmente você descobre bastante sobre a rotina dela, os amigos, o local de trabalho, o que ela faz no fim de semana... e aí de repente você se sente parte da vida dela, ainda que ela não seja nem remotamente próxima a você. Uma das snappers (?) que mais gosto eu conheci através de uma blogueira mais ou menos famosa, é uma das melhores amigas dela. E aí que eu comecei a seguir a moça no Twitter, e a ler o blog dela, e agora eu falo coisas tipo "Ai, mas a fulana disse isso", "A fulana mostrou aquilo" e às vezes me bate um desconforto e eu me sinto meio psicopata por essa proximidade unilateral.


11) É muito fácil acreditar que a internet é um grito no vácuo

Apesar de ter consciência de que não sou completamente anônima na internet, sei que ~meu público~ não é o de uma pessoa famosa ou de uma blogueira de sucesso. No entanto, sei que têm pessoas do outro lado me lendo, me acompanhando e, agora, me assistindo. Só que é muito fácil esquecer disso, principalmente porque no Snapchat você não tem muito controle sobre quem te segue em termos de números e essas coisas. Então estou lá, falando groselhas, achando que só minhas amigas estão vendo, quando de repente alguém aleatório comenta comigo sobre algo que disse lá e eu imediatamente quero me enfiar num buraco e nunca mais falar nada. Mas aí esqueço e logo estou falando groselhas de novo. 

12) Não existem assuntos chatos, existem pessoas chatas

Quando estava aprendendo a usar o Snap, li vários posts com dicas de como usar, o que fazer, o que é cafona ou não, essas coisas. Todos esses textos falavam que não era legal ficar falando demais, que ninguém queria saber como foi um dia banal da sua vida, e nem assistir 150 segundos do seu cachorro tendo a barriga coçada. Concordo em partes, é sempre melhor mesmo mandar a galera maneirar, mas isso significa muito pouco. Se a pessoa é legal, divertida e sabe contar histórias, ela pode falar por 500 segundos todos os dias que eu vou assistir. Agora se for uma pessoa chata, ou simplesmente alguém que não tem o timing certo pro aplicativo, 20 segundos viram uma tortura. 


13) 2 segundos são suficientes pra absorver uma foto

Amigas, superem as selfies de 10 segundos que ninguém aqui é obrigado. Sei que tem como passar antes do tempo acabar, mas ainda assim fico com raiva e ao mesmo tempo com vergonha pela pessoa. Parem. 


14) O Júnior é foooooooooooooooofo

O Júnior. Irmão da Sandy, sabe? Pois é, eu sigo ele no Snapchat. E ele é fofo! FOFO! Na verdade ele nem posta tanto assim, mas eu adoro. Ele tem cachorros fofos e é muito simpático e querido. Sério. Fazia mesmo todo o sentido sermos apaixonadas por ele há quinze anos. FOFO! Sigam: jrlimaoficial

15) As pessoas não têm vergonha de dirigir e fazer snaps

Eu não quero saber se você parou no semáforo, se o trânsito não andava, se o carro estava devagarinho. A única coisa que sei que é eu sou muito nova pra morrer atropelada porque uma pessoa estava fazendo lipsync de alguma música pra fazer graça pra internet. É feio, é irresponsável. Parem. Melhorem. 


16) O tempo passa muito rápido

Um dia passei 40 minutos marcados no relógio vendo todos os snaps que se acumularam ao longo do dia e nem percebi. 40 minutos é muito tempo. Ou eu maneirava meu vício ou de repente meus netos estariam correndo na sala e eu teria perdido toda essa vida - mas na verdade eu não teria netos, porque passei todo o tempo vidrada na tela do Snapchat. Jesus, me ajuda.


17) As pessoas não se levam a sério

A internet está cada vez mais cheia de gente que se leva a sério demais, e parece que é impossível topar com ações despretensiosas que não sejam marketing ou produção de conteúdo de algum tipo. Acho que o termo que mais me irrita é "produzir conteúdo". O Snapchat me mostrou que as pessoas ainda estão dispostas a perder um tempo razoável sendo idiotas, falando bobagens e eu sinto um quentinho no coração sempre que assisto 40 segundos de alguém fazendo caretas variadas ou brincando com os emojis na tela. As pessoas ainda não se levam completamente a sério. Ainda bem. 



> Quem quiser me ver falando groselhas e julgar meus hábitos alimentares, meu usuário é annachicoria;
>> Se tivesse que escolher sete perfis favoritos pra indicar, seriam cafremder, cheznoelle, carolburgo, daniellenoce, fashionismo, oliveira.v e rebiscoito. E vocês, que tipo de perfil gostam por lá?

Se você pular, eu pulo

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Ou: Adoro um trem errado


Eu não sou uma pessoa aventureira. Quer dizer, eu não sou essencialmente aventureira. Não sou impulsiva, muito pelo contrário: não acredito em decisões que são tomadas antes do uma noite de sono e pelo menos dois banhos longos, faço listas de prós e contras para tudo e a única coisa que eu faço sem pensar se estou ou não tomando uma decisão sábia é pedir sobremesa ou então mais um mojito - só porque é praticamente impossível errar em se tratando de sobremesa e mojitos.

No entanto, me preocupo muito menos com a fumaça quando tem outra pessoa pra acender o fogo junto comigo. Ou seja, penso muito menos nas consequências se alguém aparece do meu lado disposto a segurar minha mão e curtir uma queda livre, com tudo de bom e ruim que ela tiver pra oferecer. As coisas mais legais e aventureiras da minha vida aconteceram porque alguém teve uma ideia absurda e me arrastou junto - e eu sou muito grata por essas pessoas. Foi assim que eu entrei dentro da fonte de uma cidadezinha no meio da noite, e assim que eu desci no Insano não uma ou duas vezes, mas uma vez pra cada dia que eu fui ao parque, que foram sete, aumentando progressivamente. Foi assim que eu paguei mais caro que podia em muita passagem aérea, e assim que virei muitas noites, que misturei refrigerantes e depois provei pra ver qual era o gosto, e sentei no meio da rua, e corri descalça por várias ruas às seis e meia da manhã. 

Não é que eu seja maria-vai-com-as-outras, é só que preciso de alguém que me empurre pra vida. Se depender só de mim, passo a vida com o notebook na barriga assistindo Gilmore Girls e tomando Toddynho de madrugada. É muito mais difícil negar fogo quando alguém te puxa pelo braço e diz vamos!. E, por incrível que pareça, o destino parece mais atrativo quanto maior a perspectiva de erro da situação. É como diz o meu lema: se der errado, pelo menos vira um texto. 


Como eu sou meio esquisita, às vezes a roubada são os próprios textos. A maioria ninguém além de mim e das minhas cúmplices teve a chance de ler, mas estão lá na pilha de ideias que deram errado. Projetos, livros, rascunhos. Vamos inventar personagens? Vamos escrever um livro? Vamos fazer releituras das músicas da Taylor Swift? 

- Vamos postar todos os dias em agosto? 

Quem me perguntou isso foi a Paloma, no início da semana. Na verdade, a Analu chegou pra mim e disse: "Olha, a Paloma vai tentar te convencer de algo, e eu não tenho nada a ver com isso". Quando perguntei o que era, ela só disse que era uma furada que também lhe foi proposta, e até agora ela não tinha entendido por que tinha topado. Mas topou. Nessa hora, eu já sabia que se não envolvesse dinheiro (pois: pobre de tanto gastar com nossas loucuras anteriores) e sacrifício de animais, eu também toparia. 

Ah, mas então se suas amigas pularem do barranco você pula também? Mãe, é lógico que sim. 

Então foi assim que sem noites de sono ou longos banhos, sem lista de prós e contras, e claramente sem ponderar se essa era ou não uma decisão sábia, eu resolvi participar do BEDA, que nada mais é que um projeto chamado Blog Every Day in August. Na verdade eu pensei a respeito e é uma decisão bem estúpida, mas por que não? Afinal, estamos juntas nessa (e ainda arrastamos Sharon) e se falharmos, vamos rir bastante disso depois, quando tivermos outra ideia mirabolante fadada ao fracasso."Lembra daquela vez em que a gente resolveu participar do BEDA e desistiu na primeira semana? HAHAHAHAHAHAHA". Nada fortalece mais uma amizade do que fracassos compartilhados. 

Não há nada de realmente aventureiro nisso, mas também não vou estar com o notebook na barriga vendo Gilmore Girls e tomando Toddynho de madrugada - porque estarei com o notebook na barriga escrevendo feito uma maluca e amaldiçoando essa decisão enquanto tomo um Toddynho pra me consolar. Mas até que eu morra na praia (ou no meio do oceano), tenho empolgação, um calendário organizado com color coding, muitas ideias para abandonar ao longo do mês e o blog aparentemente terá posts novos todos os dias. Todos. os. dias. A gerente claramente enlouqueceu.

Como estou entrando com a inconsequência, peço que vocês entrem com a companhia e até mesmo sugestões de posts - o momento é agora. Vai ser engraçado, e, se der errado, eu posso escrever um texto sobre o quão equivocada foi a ideia de postar todos os dias em agosto. Vamos acompanhar?

Jack e Rose curtiram esse post

> Não deixem de acompanhar os blogs das minhas cúmplices: Paloma, Analu e Xará. Isso não estaria acontecendo se não fosse por e com elas.
>> Está fazendo o BEDA também? Vamos nos abraçar! Deixa seu blog aqui e a gente se dá uma força.
>>> Sugestões de temas são sempre bem-vindas!


Aquele em que eu (meio que) virei a Taylor Swift

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Meses atrás, quando minha amiga Carol me disse que estava pensando em fazer uma festa à fantasia pro seu aniversário, eu já sabia. Veja bem, ela nem tinha certeza se ia dar uma festa, muito menos que ela seria à fantasia, mas antes da própria aniversariante colocar em prática os seus planos e começar a organizar os festejos, eu tinha certeza: eu iria me fantasiar de Taylor Swift. 

Não foi preciso nem dez minutos de reflexão para chegar a essa ideia porque ela já tinha vindo até mim na época do Halloween do ano passado. Veja bem, eu sou uma pessoa que gosta de festas à fantasia. Muito. De um tanto que chega a ser meio ridículo, já que nunca tenho oportunidade de ir em festas assim. Sei lá, não acontece. Isso, no entanto, não impede que eu tenha uma lista mental de fantasias que sonho em usar, assim como quem não quer nada, sabe? Posso ou não ter até pasta de referências no meu computador. Eu sei, sou ridícula. Desculpa. 


Mas por que a Taylor Swift?, se pergunta o leitor desavisado. Por que não a Taylor Swift??, responde a blogueira estupefata. Não passo um dia sequer sem ouvir "Out of The Woods" girando pela casa, e sou incapaz de andar dois quarteirões na rua sem procurar "Sparks Fly" na minha biblioteca musical pra me acompanhar. Me refiro ao Speak Now como "drogas pesadas" as quais recorro quando não tenho mais forças pra seguir em frente, e não importa quantas vezes eu já tenha escutado "Enchanted"ou "All Too Well", sempre preciso parar a minha vida pra ouvir de novo, e sentir, e sofrer, e fazer uma performance, e ser quebrada como uma promessa. Esse é meu nível de comprometimento com a vida & obra da Taylor Swift - e eu nem vou começar a falar sobre como eu acho maravilhoso dissecar a sua vida e correr atrás de subtextos por trás das músicas, das fotos e até mesmo das roupas que ela usa.

Aliás, o closet da Taylor Swift é uma análise semiótica esperando pra acontecer. Esse, aliás, foi um dos motivos que me levaram a querer me fantasiar como ela. Acho incrível o empenho de reformular todo o seu estilo em eras que se casam perfeitamente com o disco mais recente e a tudo que ele evoca. Se ela claramente usa a própria vida como matéria-prima pro seu trabalho, isso se traduz até nas roupas que usa. Além disso, acho muito mais legal produzir minhas próprias fantasias ao invés de optar por alugar uma coisa que trezentas pessoas já usaram antes.

Apagando umas fotos do meu celular percebi tinha TANTO material que juntei para montar essa fantasia que achei que seria legal compartilhar minhas referências aqui, até porque o Halloween já está chegando de novo e Taylor Swift + fantasia talvez seja a união entre dois dos meus tópicos favoritos de todos os tempos.

Poderia falar sobre isso por horas, mas juro que não vou gastar muitas linhas. 

A Era 


Embora no início estivesse tentada a reviver a era Red, com seus vestidos românticos, as listras, e os detalhes vermelhos em absolutamente tudo, o mergulho em 1989 foi uma certeza que veio tão rápida quanto a própria ideia da fantasia. Além de combinar mais comigo, acho a estética um reforço positivo nessa fase que estamos de enfrentar nossos monstros até descobrir que eles não passavam de árvores e todas aquelas palavras de inspiração incríveis que ela deixou no Foreword do álbum para que possamos repetir em nossos cultos pagãos. 

Além de tudo, eu queria muito usar uma blusa de barriga de fora e precisava de um empurrãozinho.

Os pilares de estilo de Taylor em 1989

- Barriga de fora












































Nos últimos anos nossa amiga Taylor conseguiu se firmar como a representante oficial do buchinho de fora. Acho lindo de morrer: uma coisa meio sexy sem ser vulgar, complicada e perfeitinha, sassy e classy, a cara dela. Seja com calça, shortinho, saia longa, saia curta, saia rodada, saia lápis, lá está Taylor Alison Swift com seus três dedinhos de barriga pra fora da roupa. Será que algum dia veremos o umbigo dela? Seria Taylor Swift o Kyle XY da vida real? O que diabos essa mulher esconde na barriga? São questões - talvez seu próximo álbum responda algumas.

O importante é que eu sabia que independentemente do que fosse usar, os três dedinhos de bucho estariam pra fora. Seria o début perfeito do meu midriff, há 21 anos e meio escondido por pudores infundados e razoável insegurança. Mas se Taylor é a pessoa que disse que nunca cortaria o cabelo, nunca se mudaria pra Nova York e nunca encontraria felicidade num mundo em que não estivesse apaixonada, eu seria a pessoa de barriga de fora no inverno.

- Salto alto


Late mais alto que daqui eu não te escuto

Já que estava numas de quebrar paradigmas, resolvi também que usaria salto. Se tem uma coisa que eu admiro em Taylorene é sua total falta de pudores de sair por aí de saltão mesmo com seus 1,78m de altura. O namorado de 1,96m e as amigas modelas ajudam, né? Também sou um bocado alta e confesso que não me sinto muito confortável com isso. Não é como se fosse uma questão, mas não vejo necessidade de ficar ainda mais alta, sem falar no desconforto. Mas a ocasião pedia, eu tinha comprado recentemente as sandálias mais lindas e brilhantes do mundo, e no fundo sabia que qualquer fantasia de Taylor Swift sem salto seria meio que eu vestida de mim mesma - só que de barriga de fora.

- Conjuntinhos

Acho chique, acho fofo, gosto assim. Não tem nada a ver comigo - nem os meus pijamas eu uso combinando - mas a por uma noite seria divertido sair do óbvio ao buscar justamente o óbvio.

















A busca 

Não queria alugar roupa, nem mandar fazer e ainda queria gastar pouco dinheiro (talvez uma massagem nas costas também). Pensando nisso, fui bater perna nas lojas de departamento. Fui direto na C&A pois pensei que a coleção da Kim Kardashian - que na época estava nas lojas - me daria muitas opções de cropped e talvez até de conjuntinhos. No entanto não encontrei nada realmente interessante ou que caísse bem em mim, mas tive a sorte de no mesmo dia achar um conjunto de saia e blusa de tweed. Saia alta, e blusa quase curta. Um amor.

O único problema é que eu nunca me dou bem com o corte das roupas da C&A. Sempre tenho a maior dificuldade de achar um tamanho que realmente me sirva, sem ficar apertado, ou muito largo, ou sobrando e aqui faltando acolá. Um caos. Foi por isso que não consegui comprar o conjunto: a saia e a blusa tinham que ser de tamanhos diferentes, e com isso a blusa ficaria muito comprida. De Taylor Swift meiga & abusada eu passaria, no máximo, por gerente de alguma coisa ou modelo do catálogo da Yéssica City. Não, né?










































O bom de ter uma enciclopédia mental de looks da Taylor Swift é isso: um imprevisto acontece e logo você se lembra de outra coisa super parecida que ela usou e dá um jeito. O corte da saia de tweed era idêntico a esse, de modos que bastou correr atrás de um top preto - coisa que não foi difícil - pra conseguir um look 98% igual ao dela. Ninguém ia reparar nisso além de mim, mas ser fã é padecer no paraíso das obsessões irrelevantes.

Cabelo e maquiagem

Meus amigos me convenceram que eu tinha que usar uma peruca. Eu realmente não queria, principalmente depois que a Taylor apareceu ruiva no clipe de Bad Blood, mas são esses sacrifícios que a gente faz em nome de uma festa temática. Meu problema nem era com a peruca em si, mas com a dificuldade de encontrar algo que fosse realista e acessível. Não estava disposta a alugar uma peruca de verdade, com cabelo natural - pelo preço que cobram, era mais fácil comprar a Taylor Swift e levá-la pra se apresentar na festa. Também não queria nada escrachado, loiro platinado, ou então com um corte muito diferente. A sorte foi que na primeira loja de fantasias que entrei, dei de cara depois de ter feito a mulher revirar o acervo com um modelo loiro não tão claro, de franjinha, e também não tão curto. Foi tipo meant to be.

boo


Usar peruca foi... interessante. Não sabia fazer aquela touca de colocar por baixo, não tive tempo de pesquisar a melhor forma de lidar com isso e me virei como pude, mas o arranjo não aguentou nem uma música antes de começar a sair do lugar. Foda-se, né? Minha entrada triunfal (risos) já tinha sido feita e depois do parabéns ninguém é de ninguém. Às vezes acho que fiquei com mais cara de Debbie Harry pobre do que de Taylor Swift, mas não acho que isso seja necessariamente ruim.

Para a maquiagem, resolvi copiar a de Blank Space. Quando tenho tempo faço prova de maquiagem pra ver se funciona, mas dessa vez não tive tempo nem de pensar em qual look faria. O look clássico de Taytay é o combo delineador e batom vermelho, que é basicamente o que eu uso sempre que saio de casa. Assim, minha segunda opção foi ver qual maquiagem dela tinha mais tutoriais no Youtube. Só adaptei de leve porque não gosto de olho muito carregado e nem de sombra preta, e acho que foi sucesso.


Pra finalizar, a única coisa que faltava era um acessório que dessa a dica de quem eu era. Não que eu tivesse alguma esperança de não passar a noite respondendo isso pras pessoas, mas precisava ler algo que me ajudasse nessa função. A ideia de materializar a long list of ex-lovers de Taylorene veio antes mesmo da fantasia: aliás, pensando numa placa gigante com a lista que eu tive a ideia pra fantasia.

Como tudo na minha vida, a festa aconteceu numa semana que eu estava atolada de compromissos, e não tive tempo de jeito nenhum de colocar meus dons artísticos (risos) em prática para tornar a lista realidade. Já tinha aceitado a derrota quando, no carro à caminho do aniversário, Matheus me entregou esse presente:


Ele pesquisou e fez direitinho, e não esqueceu nem do Conor Kennedy desaplaudido, e nem do detalhe de coração ao lado do nome do Harry Styles. Não é um amor? E foi assim que, munida de peruca, saltão, barriga (quase) de fora, minha lista de ex-namorados e a melhor gangue de amigos, eu fui a Taylor Swift por uma noite - que não tocou Taylor Swift em momento algum (!), mas não se pode ter tudo.

> Como blogueira de modas, sou uma excelente blogueira de aleatoriedades desimportantes. Peço perdão pelo vacilo das imagens zoadas: não tive tempo de ficar fazendo mil fotos legais e na hora nem estava pensando em fazer um post com elas;
>> Estou morrendo de vergonha de colocar essas fotos minhas aqui. Não me zoem muito;
>>> Todo um novo respeito pelas blogueiras de modas: mais de 15 dias com esse post no rascunho, tudo preguiça do trabalhão de editar as imagens, isso porque as minhas edições são as mais porcas do mundo;
>>>> Continuo alimentando o board de inspirações swiftísticas que criei lá no Pinterest antes da festa, interessadas favor dirigir-se a esse link.
>>>>> Obrigada pelos comentários no último post! Fiquei tão feliz de ver tantas pessoas aderindo ao BEDA ou topando me acompanhar nisso. Não vamos quebrar a corrente de amor, ontem me senti muito abraçada pela internet e estou tentando retribuir isso respondendo todos os comentários. Vai dar certo!

Entrevista de emprego sincera

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> Inspirado no texto "O currículo mais sincero do mundo", da Seane Coelho.

Eu não sei mentir.

Acho importante estabelecer isso logo de uma vez, porque já responde várias perguntas e você pode interpretar como quiser. Meus 21 anos de vida me mostraram que essa característica está mais para o meu maior defeito do que minha maior qualidade. Viver fica muito mais fácil quando não fica escrito na sua cara que você disse sim quando queria dizer não, quando os outros não percebem o quanto você está desconfortável com alguma coisa, ou quando você consegue dizer sem engasgar que é, sim, muito proativa e uma trabalhadora incansável, e seu maior defeito é pensar demais em trabalho. Eu teria conseguido outros empregos se soubesse mentir, mas eu não sei, então  digo a verdade e disfarço com piadas inapropriadas e auto-depreciativas - mas já aprendi que empregadores não acham tão espirituoso assim você rir e destacar seus próprios defeitos.


Então eu falo a verdade. Isso é bom, não é? Taí uma qualidade: eu sou sincera. Vou dizer quando gostei de algo e principalmente quando não gostei, se achei certo, se achei errado, e até se saí com você no amigo secreto da firma. Por favor, nunca me pergunte com quem eu saí no amigo secreto da firma, porque eu não vou saber disfarçar, principalmente se tiver saindo com você. Não sei fazer joguinho, e, mesmo quando tento, destruo logo minha própria picuinha e quero resolver tudo com conversa, espalhando a merda toda na mesa. Mesmo se eu não falar, você vai saber: eu reviro os olhos, eu tenho crises de riso, e minha cara inteira se contorce - como naquela outra entrevista de emprego em grupo que uma conhecida mentiu descaradamente e eu não conseguia agir naturalmente. 

Sou boa com pessoas, por incrível que pareça. Posso não gostar muito - sou introvertida, cansada, preguiçosa, e vou dar o bolo na maioria dos happy hours -, mas sei ler bem os outros, me adaptar a eles e tenho no meu currículo mais ou menos uns quinze anos de diplomacia cotidiana, mediando (e resolvendo) as brigas dos meus amigos. Mesmo calada na maior parte do tempo, sei de tudo que acontece ao meu redor e sou muito observadora, mas só se quiser. Também acho muito fácil me desligar completamente, e às vezes horas se passam e a única coisa que percebi foi o que aconteceu na tela do meu computador. Prefiro trabalhar sozinha, mas trabalho bem em equipe e sou uma excelente líder, embora não confie no trabalho de ninguém da forma como confio no meu. 

Me sinto ridícula falando que sou excelente em alguma coisa, sou muito dura comigo mesma, perfeccionista e ansiosa, mas isso não é bom pra ninguém. Vou me esforçar pra fazer o melhor trabalho que puder, mas antes de conseguir vou me angustiar tanto com isso que não vou conseguir fazer nada. Daí vou chorar no banheiro. Rapidão. Às vezes preciso de cinco minutos, cinco minutinhos pro mundo desabar, pra eu desabar, e só então seguir em frente - e eu sempre sigo. São 21 anos tentando controlar isso, então o máximo que te garanto é que na sua frente eu não choro. 


Não sou organizada e nem muito disciplinada, mas navego bem em meio ao caos. Não tente me enfiar agendas, cronogramas, sistemas. O tempo que vou perder me organizando e escolhendo as cores para minha planilha em color coding é um tempo que eu poderia estar produzindo. Não vou entregar nada com a antecedência dos eficientes e exibidos, mas também não vou atrasar. Quando quero, sou muito pontual nos prazos e na vida. Meu slogan é Inconsequente Porém Competente™ e sei que isso não passa muita confiança assim logo de cara, mas disse lá no começo que não sei mentir justamente por isso. Mantenho a calma em meio a crises, adoro clima de fechamento, e por mais que eu fale muito em morte, sou aquela pessoa que sempre vai dizer (e acreditar) que tudo vai dar certo no final. 

Apesar das minhas roupas de adolescente, do meu piercing no nariz e do meu cabelo ocasionalmente meio cor-de-rosa, levo trabalho a sério. Eu me preocupo de verdade com as coisas e não me contento com mediocridade. Como não sei mentir, não consigo me enganar fazendo algo que eu não goste ou não acredite, então não estaria aqui perdendo nosso tempo e despejando essas sinceridades se não quisesse esse emprego de verdade. Pode até não ser aquilo que eu sonhei, mas com certeza tenho um motivo pra estar aqui, ainda que ele seja ter dinheiro pra viajar nas férias - e minhas férias são a coisa mais séria do mundo. 

Esqueci de dizer: sou jornalista porque escrever é a única coisa que sei fazer. Acho que tenho bom domínio do texto e me considero uma boa editora. Aliás, sou melhor como editora do que como redatora, embora goste muito mais de escrever do que de editar. Meus textos sempre ultrapassam o limite de caracteres, mas o dos outros eu corto sem dó. Vai entender. Me interesso por muitas coisas e tenho o mesmo pique pra pesquisar sobre políticas públicas, sobre gênero e sobre energia nuclear como tenho para estudar a respeito do azeite, de cidades-fantasma ou para ouvir as histórias da senhorinha que vende bombons na firma toda quarta-feira. 

Às vezes vou preferir almoçar sozinha com meu livro e minhas músicas do que com o pessoal, mas juro que não é pessoal. Não gosto de gritos de guerra, ginástica laboral e não levo palestras motivacionais a sério. Meu prato do self-service sempre tem batata-frita, e provavelmente darei prejuízo no cafezinho da firma, mas posso trazer biscoitos pra compensar. Meu inglês é tão bom quanto está no currículo, mas o francês nem tanto. Também não sou boa com o Excel, mas sou ótima em pesquisar minhas dúvidas no Google.


Domino linguagem de internet e entendo muito de rede social. Tenho blog, Twitter, Instagram e todo o resto que você imaginar (isso quer dizer que vou atrás de todos os meios para burlar qualquer sistema que bloqueie esses sites no seu computador), mas prefiro que você fique longe de todos eles. Vai ser melhor pra nós dois, e assim temos um segredo. Eu finjo que só tenho Facebook e LinkedIn e você finge que acredita. Aliás, eu não faço a menor ideia de como se usa o LinkedIn. 

Estou louca pra dizer que tenho um bom papo e sei até dançar, mas tenho medo de você não entender a piada. Você gosta de Kid Abelha? Um dos meus episódios favoritos de The Office é aquele em que o Michael transforma a sala extra num cafe disco e todo mundo vai pra lá dançar durante o expediente. Imagina todo mundo dançando o cd de remixes do Kid Abelha no meio da tarde. Não é uma sugestão, só um comentário. Eu falo demais quando fico nervosa, e às vezes falo umas bobagens no meio do caminho. Acho que essa é minha deixa pra ir embora. Vou ficar esperando a ligação de vocês. Você me liga, né? Mas liga mesmo, não só se eu tiver conseguido o emprego, porque apesar desse hábito horrível que as empresas têm, eu sempre espero a ligação feito idiota.

Se eu conseguir, vou tentar conter minha voz e agir naturalmente, mas do outro lado vou estar sorrindo até rasgar a boca, e quando desligar vou dar pulinhos e dançar Pintura Íntima.

Se eu não conseguir, vou dizer que tudo bem, eu entendo, com certeza vocês vão guardar o meu currículo e eu aguardarei outra oportunidade, sim, obrigada, eu sei que sou ótima. Daí eu vou chorar no banheiro e prometer pra mim mesma que da próxima vez vou tentar falar menos e mentir mais.

Toby Flenderson tem certeza que não ganha o suficiente pra isso

A problemática das primeiras vezes

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A Iralinha ontem fez um post fofo e ricamente ilustrado nos incentivando a fazer as coisas pela primeira vez, porque elas sempre nos ensinam alguma coisa. Apesar de ver verdade e poesia aí, sempre acho difícil fazer algo pela primeira vez, não importa se é beijar de língua ou comer um sanduíche de carne com abacaxi. Sou uma pessoa que calcula riscos e possibilidades, gosto de saber o que me espera do outro lado pra poder estar preparada.

Mas quando é a primeira vez, não tem como saber.

Ontem, por exemplo, foi meu primeiro dia de estágio num lugar novo, um ambiente de escritório que até então eu não tinha vivenciado. Pedi pra ficar no turno da tarde nessa primeira semana justamente pra, teoricamente, ter a manhã pra me preparar melhor e não lidar com a vida no susto, com atraso e remela nos olhos. Agora a gente ri um pouco por dentro porque, sério, o que eu esperava com isso?

Eu esperava acordar cedo, finalmente começar minha rotina no Blogilates (pobres segundas-feiras carregadas de expectativas, metas, e mudanças de vida esperando pra acontecer e então falhar), programar posts até sexta-feira, ligar no meu curso de francês e fazer minha matrícula, fazer meu almoço e sair pro trabalho cheirosa, bem vestida, e confiante. No entanto, pouca coisa mudou: fiquei até as duas da manhã assistindo novela pelo computador, só consegui levantar da cama uma hora e quinze minutos depois do primeiro toque do despertador, e ao invés de fazer ginástica fiquei dançando Anitta pela casa com pouco compromisso aeróbico envolvido.

Não liguei no francês porque ainda não estava pronta pra lidar com isso, não escrevi posts porque não estava feliz com os temas (GENTE ME SUGIRAM POSTS PLMDD), e comecei a fazer o almoço atrasada o suficiente pra ter que comer um omelete de vento, já que não tinha tempo de ir ao mercado nem pra comprar queijo (!). Saí esbaforida, mais ou menos bem vestida, me perguntando se meu cabelo ainda cheirava a ovo e cebolinha. Cheguei na firma™ dois minutos atrasada, e quando perguntei pra moça da recepção o que eu deveria fazer, tive que ouvir de volta essa acalentadora declaração:

- Boa pergunta, hoje também é meu primeiro dia  - ¯\_(ツ)_/¯

Estava todo mundo em horário de almoço, então tive que ficar esperando. Eventualmente os responsáveis chegaram e eu fui apresentada a uma sala de imprensa praticamente deserta (período de férias + grave: pense numa várzea), e minha chefe, uma fofa em potencial, me explicou mais ou menos o que eu tinha que fazer e me indicou um computador. "Ok, mas o que eu faço agora?":

- Por enquanto não tem nada, mas se tiver eu te passo - ¯\_(ツ)_/¯


No seu primeiro dia de trabalho você não sabe direito até que ponto pode fazer nada no computador e quando é aceitável tirar o catatau que está lendo de dentro da bolsa, mas à medida que eu via as outras pessoas no Facebook sem muito pudor - "Ô Sousa, cê viu essa foto aqui? kkkkkkkkk os caras não perdoam uma" - me senti no direito de abrir 10 abas diferentes e acompanhar os BEDAs do dia. Quando minha chefe saiu mais cedo pra ir ao médico, entendi que o dia seria isso mesmo e me dediquei a ler blogs com cara de quem fazia algo muito importante, usando minhas energias só para enfatizar a quem perguntasse que meu nome é ANNA VITÓRIA.  

A primeira vez que você diz seu nome pra alguém é a única oportunidade que você tem de garantir que a pessoa vai dizer ele direito das próximas vezes. Qualquer entonação menos firme pode te colocar no buraco negro que é ser chamada de Vitória pra sempre, como acontecia no  meu antigo trabalho. Nada contra Vitórias, só não é o meu nome.

Outra problema das primeiras vezes é que você precisa descobrir algumas coisas que, se você for como eu, vai ter um pouco de vergonha de perguntar. São informações cuja ignorância te fazem parecer meio idiota, ainda que seja seu primeiro dia. Tipo, onde é o banheiro? Onde tem água? Preciso trazer meus bloquinhos? Pelo amor de Deus, onde, quando, como eu consigo um café??? Estava prestes a chorar embaixo da mesa de sono e abstinência quando um dos jornalistas me olhou e disse: Moça, cê não vai comer nada? Vai passar o dia sem um cafezinho? Nossa, nem tinha percebido a hora, hehehe, olha só que coisa. Vou lá tomar meu café, já estava mesmo ficando com fome hehehehe.

Primeira vez: você sempre vai parecer meio idiota, ainda que esteja tentando muito não parecer.


Na hora de ir embora, de novo a insegurança. Então eu simplesmente levanto e vou? Tenho que avisar alguém? Vou ser idiota e ficar até às 18h, quando o resto do pessoal for, mesmo que meu expediente acabe às 17h? Só eu vou sair antes? Será que essas pessoas sabem que não fiz nada o dia inteiro e estão me julgando? Vou ter que mandar um tchau coletivo e alto, mesmo odiando falar alto? Por que mesmo que eu não vim de manhã com os outros estagiários? São tantas questões que acho que foi muito mais fácil perder o BV.

Eventualmente fui embora - dei um sorrisinho pra menina do meu lado, então, deixa eu correr porque tenho um compromisso às sete (eu, Paul Rudd, duas formigas e um balde de pipoca) - sorri e acenei pras pessoas nas outras mesas, e só respirei depois que estava a uns dez passos de distância da portaria. No meio do caminho encontrei uma amiga, justamente a que ia ao cinema comigo, e desisti de ir pra casa pra ir direto junto com ela.

O filme do Homem Formiga é muito mais legal do que eu jamais poderia esperar, e entre sorvetes e Elvis Presley, cheguei em casa quase dez horas depois de ter saído, sorrindo muito, pensando em formigas gigantes e achando a vida até que bem boa. O que me deixa nervosa nas primeiras vezes é que a gente nunca sabe como vai ser, e às vezes é mesmo muito melhor do que a gente espera. Daí fica a vontade que todo dia seja um novo começo, mas pelo menos na próxima já vou saber onde fica o café. 

Os meus clássicos de Sessão da Tarde

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Talvez seja um pouco sádico falar de Sessão da Tarde justamente na semana de volta às aulas, mas se serve de consolo eu também não estou em casa de pernas pro ar assistindo televisão. Embora não tenha mais tantas tardes livres, sou uma espectadora apaixonada da melhor faixa de filmes dublados de todos os tempos e sou muito fã do conceito muito específico de filme-de-sessão-da-tarde: eles são divertidos, despretensiosos, e sempre deixam aquele quentinho no coração quando acabam - um quentinho que remete a férias, fim de tarde, misto quente, ou aquela gracinha gostosa que o universo às vezes proporciona de você chegar em casa, sentar cansada no sofá e descobrir que ainda dá tempo de pegar o final de Dirty Dancing (e chorar como em todas as outras vezes). 

Vocês sabem que eu tenho uma dificuldade enorme de fazer listas curtas e objetivas, então acho importante frisar que não estou falando dos clássicos universais da Sessão da Tarde, mas os meus clássicos pessoais, que acabam sendo influenciados pela ~minha época~ e é por isso que eu nunca vi Os Goonies. 

    01. Convenção das Bruxas


Quando era criança, eu não tinha medo de monstros, nem de fantasmas, nem de vampiros ou de lobisomens. Eu tinha medo de bruxa. Na verdade, era um medo misturado com fascínio, porque ao mesmo tempo que elas me davam pesadelos, eu me sentia atraída a tudo quanto é livro ou filme que tivesse uma bruxa no meio. Convenção das Bruxas é meu favorito porque ele consegue transitar de forma sutil entre o medo e o entretenimento, nunca sendo aterrorizante além do ponto, pra desencorajar, e nem infantil demais pra não causar um pavorzinho gostoso sempre que a Anjelica Houston tira aquela máscara. Até hoje, vendo filmes de terror, vou atrás daqueles que fazem com que eu me sinta como o menino Luke ao encontrar a primeira bruxa (MELHOR CENA) na rua de sua casa: com a espinha gelada, mas sem conseguir parar de olhar.

    02. Elvira, a Rainha das Trevas


Você percebe que veio ao mundo pra ser gótica na vida quando para pra pensar que aos nove anos de idade fingiu ter dor de barriga na escola só pra não perder Elvira na Sessão da Tarde. Queridos leitores, que filme, que mulher. Elvira é um daqueles filmes certos e errados numa medida que só os anos 80 conseguiram produzir, sendo politicamente incorreto e inapropriado pra crianças (eles jamais deixariam isso ir ao ar no meio da tarde hoje em dia), mas ao mesmo tempo um filme de formação muito importante: Seria Elvira meu primeiro ícone feminista? Teria eu noção de toda a crítica ao falso moralismo da sociedade americana implícita no filme? Nunca consegui achar ele pra alugar e nem pra comprar, mas minha vizinha da época tinha um VHS com o filme gravado (!) e acho que se em 2003 um gênio da lâmpada me concedesse três desejos, um deles seria ter essa fita pra mim.

     03. Matilda


Matilda é um filme que marca a primeira vez que eu realmente me senti conectada a uma história de forma profunda e pessoal. A solidão, o deslocamento, o amor pelos livros, a sensação de finalmente encontrar sua turma, o amor por Miss Honey, o completo horror à Senhora Trunchbull, gritar "Bruce! Bruce! Bruce!" em casa torcendo pelo garoto gordo e seu bolo de chocolate, a vontade de dançar junto com Matilda e os objetos voadores, enfim... muitas emoções compartilhadas. É um filme tão querido e mágico que o livro no qual ele é inspirado, escrito pelo Roald Dahl (que também escreveu o livro no qual Convenção das Bruxas é baseado!), acaba sendo um pouco decepcionante e repetitivo. 

     04. Dirty Dancing


Eu tinha mais ou menos uns 12 anos quando minha mãe me chamou na sala e disse que ia começar na Sessão da Tarde o filme favorito dela quando tinha a minha idade. Dirty Dancing já não passava com tanta frequência assim, e foi minha primeira vez com o filme. Gente. GENTE. Eu definitivamente não estava pronta: um filme cheio de descobertas, amadurecimento, conflitos, rodopios e tensão sexual de um jeito que eu nunca tinha visto antes. Fiquei extasiada, maravilhada, fascinada, obcecada, e mesmo tendo o DVD em casa, sempre assisto quando está passando, e sempre choro emocionada com a dança final (enquanto danço na frente da televisão). 

     05. Um Dia Especial


Esse filme não é só favorito de Sessão da Tarde, como é facilmente um dos meus preferidos da vida. Às vezes tenho a impressão que sou a única pessoa no mundo que gosta dele, porque nunca vi ninguém falar a respeito, ele não está em nenhuma lista dos melhores filmes dos anos 90, e eu só me pergunto: POR QUÊ? É uma comédia romântica. Com o George Clooney. E a Michelle Pfeiffer. Pra mim eles são tipo Meg Ryan e Tom Hanks versão underground, sabe? São tantas cenas antológicas e incríveis, como aquela em que a Michelle Pfeiffer sobe num carro embaixo da chuva pra procurar a filha do George Clooney, ou quando ela suja a blusa e é obrigada a ir pra uma reunião importante com uma camiseta de dinossauro, ou a que ela se apronta correndo pra impressioná-lo, ou aquela troca dos celulares, ou quando os dois ficam perguntando um pelo outro disfarçadamente pras crianças, ou quando o George Clooney brinca de fantoche com a filha, ou o beijo deles no final, que é um dos melhores beijos de todas as comédias românticas (pena que não existe vídeo!): "Don't bite", "I won't". 

     06. 12 Mile Road


Esse é outro filme que tenho a impressão que sou a única pessoa no mundo que gosta, mas ele passou esse ano no dia do meu aniversário (!) e vi que mesmo depois de anos ele continua incrível. A história tem tudo que eu mais gosto: dramas familiares, adolescentes rebeldes, adolescentes grávidas e mudanças de vida desencadeadas pela vida no campo. Além disso tem o Tom Selleck, e nossa, como eu gosto do Tom Selleck. Tem também a Anna Gunn, de Breaking Bad, sempre incompreendida, sempre maravilhosa. E a Shannon, de Lost, é a protagonista, mas a gente passa o filme todo querendo dar na cara dela (mas também se apega). A cena do Tom Selleck e a ex-mulher desatolando uma vaca com roupas de festa é o tipo de coisa que eu nasci pra assistir. 

     07. De Repente 30


O que sentir ao perceber que um filme que você viu no cinema já é um clássico contemporâneo de Sessão da Tarde? Felicidade. Sério, não dá pra se sentir velha quando existe a possibilidade de um dia você chegar em casa e poder ver De Repente 30 dublado na TV. Existe algo de plenamente reconfortante em ver filmes dublados na televisão. Não importa quantas vezes eu veja esse filme, sempre vou sentir as mesmas coisas: identificação com a Jenna querendo crescer e depois o desespero com o rumo que sua vida tomou; amor, muito amor, amor pleno pelo personagem do Mark Ruffalo e aquela cena dos dois juntos no balanço; dor e compreensão na cena que ela vai pra casa dos pais chorar abraçada com eles ao som de Vienna; euforia e gostosas gargalhadas no momento antológico de thriller. E, claro, amor profundo pelo Mark Ruffalo. Já disse isso? De Repente 30, melhor filme. Te amo Jennifer Garner.

    08. Lua de Cristal

TRUE ROMANCE
Impossível falar de Sessão da Tarde sem falar dos filmes antigos da Xuxa. Eu esperava ansiosamente pela divulgação da programação de férias porque julho só fazia sentido se eu soubesse que em algum dia Lua de Cristal fosse passar na TV. Xuxa (ou Maria da Graça, se preferir) é a nossa Cinderela brasileira, e tem Sérgio Mallandro como príncipe. O SÉRGIO MALLANDRO É O PRÍNCIPE. Brasil, único país possível. Além disso, a música tema se tornou um grande hino de amizade, amor e esperança para as nossas vidas, e se você nunca perdeu a voz depois de cantar essa música no karaokê chorando com suas amigas, coloque isso já na lista de coisas para fazer antes de morrer.

     09. Nunca Fui Beijada


Josie Geller forjou o meu caráter. Depois de ter tido um ensino médio que foi um circo dos horrores, Josie tem a chance de voltar a escola como aluna infiltrada - a diferença que agora ela é uma jornalista formada na Northwestern que está trabalhando numa matéria sobre ~o que pensam os jovens~. Tantas coisas maravilhosas acontecendo, tipo ela usando as referências do que era cool nos anos 80 e pagando micão com os jovens dos anos 90, ou a volta que ela dá por cima ao enfiar seu irmão no jogo e, pela primeira vez, ser a garota popular do colégio, futura rainha do baile, prestes a dar o primeiro beijo (!!!) no rei. Será??? TANTAS COISAS! A trilha sonora desse filme é extremamente maravilhosa, com dois momentos inesquecíveis: a amiga nerd dançando Please Please Please Let Me Get What I Want com o Zé Bonitinho da escola e Don't Worry Baby tocando enquanto ela espera seu primeiro beijo. Momentos.

    10. 10 Coisas que Odeio em Você


ALL THINGS 90'S!!!111 Revi esse filme semana passada, fazendo companhia pro Pedro, que estava assistindo pela primeira vez. Quando terminou e eu vi ele sem conseguir parar de sorrir, me senti honrada e orgulhosa, porque eu cresci com esse filme. Primeiro queria ser a Bianca, pra depois amar a Kat, e então amar a Kat e a Bianca do jeito que elas são. Pelo menos umas 3 agendas minhas tinham o poema 10 Coisas que Odeio em Você copiadas e eu achava genial demais a sacada dela dizer que odiava ele por não conseguir odiá-lo. Nem um pouco. Nem por um segundo. Nem mesmo só por odiar. Ai. E ainda tem a o Heath Ledger cantando. E a Julia Stiles é tão maravilhosa, né? Sem falar que tem Letters to Cleo na trilha e fazendo ponta, e a roupinha de baile da Bianca, que é absolutamente sensacional. É tudo tão divertido, espirituoso e anos 90 que meu coração quase explode. Amo demais.

> Essa é a primeira de algumas postagens coletivas que eu e minhas amigas da Máfia bolamos para ajudar nessa cilada que é o BEDA, então vocês podem ir nos blogs das respectivas mafiosas para ver os filmes favoritos delas: Analu, Sharon, Couth, IralinhaPaloma e Rafinha (e Ana Flávia também, que adotamos no meio do caminho);
>> A ordem da lista é totalmente aleatória - só Convenção das Bruxas é realmente meu grande favorito dentre todos esses;
>>> Deixei de falar de alguns filmes que apareceram na minha lista dos melhores filmes teen dos anos 2000.
>>>> A ausência mais gritante dessa lista, claro, é Curtindo a Vida Adoidado, o maior clássico de Sessão da Tarde de todos os tempos. Ele só não está aqui porque eu vi o filme pela primeira vez em DVD (!) e não na televisão, e ~na minha época~ ele já não era tão clássico assim. Mas ele figura no meu top 5 filmes favoritos da vida e não é à toa que está no meu layout. Save Ferris!

Maratona Literária de Inverno 2015: o que teve

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Cansada de ver várias pessoas no Twitter falando sobre TBR, selecionando livros loucamente e falando sobre uma maratona desconhecida, fui vencida pela curiosidade e procurei saber o que a hashtag #MLI2015 escondia. 

Descobri que se tratava de um desafio criado lá no canal Geek Freak para que durante um mês as pessoas se propusessem a ler um pouco mais do que estão acostumadas e cumprir alguns desafios. Normalmente passo longe desse tipo de brincadeira porque nunca tenho muito tempo livre quando elas estão acontecendo e essa coisa de estabelecer metas pra algo que deveria ser um lazer me parece um pouco idiota. Mas essa maratona era diferente. 

Pra começar, ela tinha um mês de duração - ou seja, era uma coisa bem mais realista do que ler, sei lá, cinco livros em 24h como já vi por aí. Além disso, ela iria coincidir com as minhas férias, o que até então nunca tinha acontecido. Junto dessas coisas tinha o fato de que várias pessoas que eu acompanho na internet estariam participando, então resolvi entrar na roda também - afinal, como esse BEDA está escancarando, eu adoro um trem errado. 

Minha TBR otimista
A proposta original da maratona incluía uma TBR temática, com desafios semanais e alguns critérios pra te ajudar a escolher os livros. Como eu também adoro burlar regras, escolhi como tema da minha lista todos os livros que tinha começado e abandonado durante o primeiro semestre. Por causa do Itinerância e da monografia, tive que renunciar várias coisas e uma delas foi ler coisas por prazer. Se estivesse sobrando fôlego, que fosse pra ler Simone de Beauvoir. 

Não consegui cumprir minha meta (surpresa! surpresa!), mas fiquei bem feliz com meus resultados. Foi a primeira vez que tentei e, de certa forma, consegui fazer algo assim, e desencalhei várias leituras no meio do caminho. Vou compartilhar com vocês tudo que li no último mês:

Blue Lily, Lily Blue (Maggie Stiefvater): O terceiro livro da série Raven Cycle veio pra me lembrar da dor e da delícia que é acompanhar uma saga em tempo real: parecia que o livro vibrava no meu Kindle esperando para ser lido, e quando terminei tive que vibrar sozinha à espera do próximo (e último!) volume, que só chega ano que vem. Enquanto Maggie usou os dois primeiros livros pra desenvolver os personagens, nesse livro a gente tem a chance de ver todos eles em ação e se desenvolvendo mais ainda através do plot. E eles são lindos. E incríveis. E apaixonantes. Esse livro é tão, TÃO BOM, que até um medinho consegue provocar. E sentimentos, muitos, todos eles. Os ships desse livro ainda vão me levar à loucura, e, de novo, a Maggie conseguiu escrever as melhores cenas de beijo em que beijos não acontecem. Jesus conserve.

Savor the Moment (Nora Roberts): Comecei a ler a série do Quarteto de Noivas ano passado, no meu mês do romance. Adorei o primeiro livro, mas achei o segundo bem chato e esquecível. Fiquei com medo de ter sido sorte de principiante, mas no fim das contas o terceiro, sobre Laurel, a confeiteira, se tornou o meu favorito até agora. Às vezes tenho a impressão que nada acontece nesse livro além da mocinha começar a namorar o mocinho, mas não acho que isso seja um problema? Ele não se propõe a ser muito mais que isso e gosto muito mais de histórias de amor em que o conflito são os próprios sentimentos do que aquelas cheias de interferências de terceiros ou milhões de desencontros por falta de comunicação. Me identifiquei com a Laurel, adorei o Del, e o resto do universo continua divertido e nada plausível - e isso é ótimo!

As Boas Mulheres da China (Xinran): A Xinran é uma jornalista chinesa que tinha um programa de rádio de grande audiência no país e se interessava por histórias de mulheres. Assim, ela começou a pedir para seus ouvintes enviarem histórias e nesse livro ela conta algumas. São 15 no total, e todas elas quebraram meu coração de alguma forma, nível chorando sozinha no aeroporto. São casos tristíssimos, pesados, e eles juntos formam um panorama bacana da história da China no século XX. O Oriente costuma ser ignorado nas nossas grades curriculares, e ler esse livro mostrou a dimensão da minha ignorância sobre o país e as pessoas que vivem nele. Chorei muito durante a leitura, e mesmo a prosa sendo ótima (e bem pouco melodramática) e os perfis relativamente curtos, demorei duas semanas lendo porque, nossa, dói demais. Mas é uma dor que *precisa* ser sentida.

Toda Luz que Não Podemos Ver (Anthony Doerr): Não tinha planos de ler esse livro por enquanto (ele é enorme!), mas As Boas Mulheres da China me deixou esgotada e minhas outras opções eram livros de não-ficção. Não que um livro que se passa na segunda guerra, com protagonistas que são uma garota francesa cega e um soldado alemão, seja a definição exata de leitura tranquila, mas queria um romanção que me envolvesse em outra realidade e a propaganda positiva (Matheus devorou o catatau em 10 dias) ajudou. Ainda não terminei a leitura, mas ele é exatamente aquilo que eu buscava. Apesar da narrativa lenta, o livro te envolve de um jeito delicado, e apesar do contexto pesado, é cheio de descobertas bonitas e é extremamente sensível. Adoro o fascinação inocente dos personagens com o rádio e o que ele representa pra eles, pro livro, e pra sociedade da época.

Sei que perto dos resultados da maioria das pessoas minha listinha é quase insignificante, mas fiquei muito feliz com o que alcancei nesse mês de leituras, além de ter sido ótimo tirar umas férias de leituras densas e teóricas. E vocês, o que leram de legal em julho? Já leram Raven Boys? Leiam Raven Boys, por favor.

> Costumo compartilhar minhas leituras e algumas micro-resenhas no Skoob e no Goodreads, me encontre por lá;
>> Como o blog estava no seu pequeno recesso durante a maior parte de julho, fiz a ~cobertura~ da Maratona no meu Snapchat. Sei que não tem como recuperar o material, mas direto estou comentando sobre as coisas que leio lá, então fica a dica. Meu perfil é annachicoria, me fala o seu pra eu seguir também.

Sete coisas

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Para ler ouvindo:




Há muito tempo, numa galáxia muito, muito distante, a Amanda e a Manie me convidaram para responder esse meme clássico das 7 coisas. Como eu sou uma pessoa horrível, enrolei e acabei esquecendo. Mas eis que hoje, nessa data auspiciosa que é o dia 7 de agosto, resolvi aproveitar a ocasião do BEDA e resolver essa pendência. Com vocês, sete seis listas com setenta vezes sete (ou quase isso) coisas diferentes sobre mim. 

7 coisas para fazer antes de morrer

  • Ser mãe;
  • Estudar fora do país;
  • Viajar sozinha;
  • Viver um romance maluco e extraordinário;
  • Ir a um show do Wilco e do Strokes (mas só se o Julian estiver numa fase boa), e óbvio, da Taylor Swift (COMO PUDE ESQUECER?);
  • Escrever e publicar um livro de ficção;
  • Participar de alguma histeria coletiva tipo sessão com performance de The Rocky Horror Picture Show ou sing-along de algum musical (MAMMA MIA!);

7 coisas que eu mais falo

sou muito carola
  • Gente;
  • Meu Deus;
  • Jesus;
  • Cristo rei;
  • Cristo redentor;
  • Pelo amor de Deus;
  • O que a gente vai comer, hein?

7 coisas que eu faço bem

  • Café;
  • Pipoca;
  • Ouvir os outros;
  • Comprar presentes;
  • Garimpar liquidações e lojas de departamento;
  • Cuidar de cachorro;
  • Memorizar coisas inúteis (letras de música, diálogos de filmes, história do Oscar, esse tipo de coisa que muda a vida da gente);

7 coisas que me encantam

meu tipo de humor 
  • Mar;
  • Cachorros;
  • Comida de graça;
  • O universo (planetas, estrelas, buracos negros - adoro essas coisas);
  • Gente que manja muito do que faz e é apaixonada por isso;
  • Filmes antigos (como não achar que a vida pode dar certo depois de um filme do Billy Wilder?);
  • Manifestações coletivas: torcida de futebol, show com milhares de pessoas cantando juntas, estreia de Harry Potter e coisas relacionadas a fandom;

7 coisas que eu não gosto

  • Azeitona;
  • Telefone;
  • Lidar com coisas;
  • Coisas medíocres ou normais que são idolatradas de forma desproporcional pelas pessoas na internet (Ed Sheeran, estou falando com você);
  • Desigualdade;
  • Acordar depois das 11h;
  • Gente que faz perguntas que poderiam ser respondidas pelo Google em dois cliques;

7 coisas que eu mais amo

digitei "coisas que eu mais amo" no Google e o resultado foi esse
  • Dormir à tarde;
  • Cachorros;
  • Ficar horas e horas falando groselha;
  • Escrever alguma coisa e sentir que o texto saiu exatamente como eu queria;
  • Chegar em casa depois de um dia cansativo, tomar banho e lavar o cabelo;
  • Café com bolo;
  • Pizza;

Minha semana #1: sobre começos, dias bonitos e formigas gigantes

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Céu de inverno e vista de todo dia na saída da ~firma~
No meu calendário do BEDA, só os sábados ficaram em aberto depois que fechei o planejamento. Acho sábado o dia mais chato da blogosfera, afinal está todo mundo dormindo até mais tarde, aproveitando o dia, se preparando pra curtir a noite, fazendo faxina, sei lá o que vocês fazem aos sábados. Com certeza não é ficar na internet. Nada contra, inclusive estão certinhos, mas não queria "desperdiçar" um post bacana num dia de movimento fraco. 

Como o BEDA começou no sábado passado, resolvi usar hoje (e talvez os próximos sábados) pra fazer um apanhado do que rolou de melhor tanto na internet como na (minha) vida. Adoro quando a Stephanie faz seus resuminhos semanais, e sempre quis me inspirar no formato. Vamos ver se funciona. 


Minha semana começou animada, com a casa cheia e um clima bom no ar. Pedro, meu primo-irmão de São Paulo, veio passar a semana aqui e no sábado meu tio veio pra buscá-lo. As irmãs do meu avô, lá de Goiânia, também vieram passar o dia, que teve direito a bacalhoada da minha avó, muitos abraços e vinho. Foi um primeiro semestre muito difícil pra minha família, mas isso acabou unindo muito todo mundo. Há alguns meses, no olho do furacão, meu avô me prometeu que logo logo transformaríamos aqueles limões em deliciosas caipirinhas, e foi isso que fizemos. Com morango, receita nova, pra adoçar a vida. Cheers!

No início da semana comecei uma rotina num estágio diferente. Como contei, o primeiro dia é sempre cheio de primeiras vezes, inseguranças e estranhamentos, mas já estou mais ou menos adaptada. Depois de mais de um ano trabalhando a maior parte do tempo sozinha em casa, a novidade mais curiosa é ter companhia o tempo inteiro. Em alguns dias estou mais gótica e amaldiçoo a copa cheia quando só queria ficar em silêncio lendo meu livro no intervalo, mas em outros tenho gostado de ter colegas, principalmente em dias como ontem, quando alguém levou uma catarina de nozes que eu comi chorando abraçada na minha xícara de café - e o café da firma é ótimo. 


Segunda-feira depois do ~expediente~ fui ao cinema junto com o Matheus e a Anaisa, só nós três, como nos velhos tempos de ensino fundamental. Vimos Homem-Formiga, que é um filme muito melhor que qualquer expectativa minha poderia prever. É divertido, despretensioso e extremamente bem feito. E ainda tem o Paul Rudd de lambuja! Gosto muito dos heróis mais lado-B da Marvel, como é o caso do Homem Formiga ou dos Guardiões da Galáxia (que foi meu filme de herói favorito do ano passado). Esses dois filmes pra mim deixam os Vingadores comendo poeira, mas isso é caso pra outro post. O importante é: vejam Homem Formiga. 
A outra novidade é que eu voltei a fazer exercício! *trilha sonora de surpresa de novela mexicana* Depois de quase três anos parada (em minha defesa, eu ando muito a pé), comecei a fazer pilates de novo, dessa vez em casa, com o Blogilates.Já tinha ouvido falar do canal da Cassey Ho e conheço várias pessoas que fazem exercício com ela e recomendam. Tenho uma postura péssima, fico muito sentada na frente do computador e voltei a sofrer com dores horríveis, então achei que era hora de fazer algo em relação a isso. Hoje tô só a perna quebrada do Dave Grohl e tudo, absolutamente tudo, dói. Comecei pelo Beginners Calendar e se eu completar esse primeiro mês, volto pra dar meu depoimento. 

A semana no blog
  • Sábado: inauguração do BEDA e convite pra cilada;
  • Domingo: contei sobre o dia que me fantasiei de Taylor Swift e compartilhei todas as minhas referências;
  • Segunda: simulei como seria um dia poder ser completamente sincera em uma entrevista de emprego;
  • Terça: contei sobre meu primeiro dia de trabalho e falei sobre a dificuldade de fazer as coisas pela primeira vez;
  • Quarta: top 10 super divertido com meus clássicos de Sessão da Tarde favoritos;
  • Quinta: leituras que fiz em julho e saldo da Maratona Literária de Inverno;
  • Sexta: meme das 7 coisas, que estava devendo há um tempo, com várias coisinhas sobre mim;
A semana na Máfia
  • Na quinta, a Analu escreveu lindamente sobre o livro A Invenção das Asas, sobre as batalhas que cada um precisa lutar pra mudar o mundo e as armas que inventamos no meio do caminho;
  • Também na quinta, a Sharon, atendendo aos meus pedidos, compartilhou seus ícones de estilo e contou de onde vem as inspirações que sempre me fazem printar seus looks do dia no Instagram;
  • Quinta foi um dia importante. A Couth, sem qualquer aviso prévio, quebrou minhas pernas falando sobre a gente, a despedida de solteira, e o feriado em que invadimos sua casa e tudo isso com fotos até então inéditas do dia do casamento. Achei que fosse morrer;
  • Vocês precisam ver a lista de filmes favoritos de Sessão da Tarde da Iralinha. Melhor pessoa da internet, por favor;
  • No domingo, a Passarinha contou sobre o dia que quase morreu pensando que sua roomie tinha morrido;
  • Na terça, a Rafinha escreveu um texto muito importante e necessário sobre "Sorte", o livro que conta a história do estupro que a autora, Alice Sebold, sofreu.
A semana na internet


Eis que chega ao fim a primeira semana do BEDA. Junto com ela vão embora também as minhas expectativas de fracasso: antes de começar o desafio, fizemos um bolão pra tentar adivinhar quando viria a desistência. Analu apostou no dia 5, eu no dia 7. Com esse post de hoje, no dia 8, quebramos nossa cara. Não é ótimo? Estou feliz de verdade com isso, principalmente porque cheguei (chegamos) aqui sem sofrer muito. A primeira semana foi um sucesso, não só aqui no blog. A blogosfera no geral (ao menos a parte que me cabe nesse latifúndio) parece estar em festa: muitos posts, muitos comentários, todo mundo muito animado. Nos bastidores, está sendo ótimo viver isso junto com minhas amigas e eu já acordo ansiosa pra ler todo mundo e retribuir os comentários do dia anterior. 

Estou ficando mal acostumada e com medo do que virá em setembro. Mas até lá, temos ainda 25 posts pra fazer.

Muito obrigada pelos comentários e pela companhia de todo mundo! Sério, não teria o menor sentido fazer isso se fosse para conversar com as paredes. Recebi algumas sugestões de posts pelos comentários, que já anotei com carinho, e a caixinha de pedidos continua aberta. Aliás, vou abusar um pouco mais da boa vontade de vocês: estou pensando em fazer a famosa e responder um vídeo com perguntas dos ~leitores~. As TAGs famosas estão muito repetitivas e sem emoção. Quero perguntas legais, inusitadas, curiosas, absurdas. Então, se você sempre quis saber alguma coisa sobre mim, sobre minha vida (risos), sobre meu cachorro ou sobre o universo, esse é o momento. Pode perguntar aqui nesse post, pelo Twitter, Instagram, e-mail, bilhete anônimo. Sei lá. Mas perguntem. Ou não. Vida que segue. Se tiver perguntas legais, gravo o vídeo semana que vem. Fechou? Não sou a Jout Jout, mas vou me esforçar. 

Até amanhã!

Pai herói

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Estava com meu pai num restaurante e pela janela vimos um homem colocar um bebê dentro do porta-malas do carro. Tivemos os mesmos 30 segundos de susto, você tá vendo o que eu tô vendo?, mas logo veio o entendimento: lógico, ele vai só trocar a fralda da criança. Claro. Que loucos que somos. Risos.

"Esse aí é herói, viu, tem o meu respeito", meu pai disse. Eu, com minha faca sempre na bota, direto do meu palanquinho de indignação, respondi direto:uai, herói por quê? Por fazer o papel dele? 


Meio ofendido e meio fazendo graça, papai começou a falar que ele sempre achou que pai tinha que participar, e que ele sempre fez questão de se fazer presente na minha criação. É verdade. Meu pai sempre foi pai herói, desses que viram personagem em matéria de dia dos pais. Quando eu nasci, minha mãe dava aula à noite e quando ela voltou a trabalhar meu pai ficava comigo, sozinho. E eu chorava. Chorava, chorava, chorava. Ele me deixava abrir todas as gavetas da cômoda e tirar tudo que tinha lá dentro, várias vezes por noite. Me levava pra andar de carro. Chorava junto, até, mas aguentava o tranco. Quando meus pais se separaram, continuei vendo meu pai todos os dias, e mesmo agora, quando já não sobra tempo pra nos vermos tanto, ele saiu do trabalho no meio da tarde pra estar na minha banca de TCC, e um dia nem foi trabalhar pra me ajudar com o livro. 

Meu pai não leva meu feminismo muito a sério, e uma vez perguntou, meio brincando e meio sério, se eu estava me tornando dessas que levanta bandeiras, como se isso fosse algo ruim. O que ele talvez não saiba é que ele é responsável por várias dessas bandeiras, por ter me criado de uma forma que eu me sentisse completa, amada e amável, segura de mim, do meu corpo e do meu valor - e com vontade de brigar por um mundo em que todas as mulheres possam se sentir assim também, daí as bandeiras.


Eu reconheço tudo que meu pai faz e sempre fez por mim, agradeço a Deus todos os dias por ele, por isso. Mas, ao mesmo tempo, fico pensando: não é assim que tem que ser? Não devia ser privilégio ou exceção ser filha de alguém presente - física e emocionalmente. Afinal, uma mãe que faz tudo isso nunca faz mais que a obrigação. Mãe é mãe. Quem pariu Mateus que o embale.

Mas pera: se Mateus (?) foi parido, é porque ele foi feito. E filho nenhum se faz sozinho. 

As pessoas reconhecem, amam e agradecem às suas mães por tudo que elas fazem, mas mães maravilhosas são aquilo que é esperado pela sociedade. É o ~mínimo~ que se espera. "Conheça a história da incrível mãe que trabalha fora e não perde uma apresentação de balé da filha", já viu isso ser manchete em algum lugar? Mas da mãe que não tem tempo de buscar os filhos na escola porque está trabalhando todo mundo fala, todo mundo lembra.

Aos pais toda falha e ausência é perdoada. Talvez perdoada seja uma palavra muito forte, mas as pessoas aceitam. Talvez é até o que se espera deles, diria a turma do é-assim-que-as-coisas-são. Afinal, é homem, né? Homem não nasceu pra cuidar da criança. Homem não tem mesmo que ficar correndo atrás de menino. Onde já se viu, homem dando banho nas crianças? Comida na boca? Deus me livre, imagina a confusão se o homem for pentear o cabelo da filha! Colocando comida na mesa já tá tudo certo, o resto a mãe dá conta e ele ajuda de vez em quando, quando precisa. Bom demais. 

Pai ausente vira herói se um dia acorda fazendo o mínimo, mas se a é mãe que decide ir ali comprar cigarros, pode ser que ela volte, pode ser que ela só tenha mesmo ido ali na esquina e se demorado, pode ser que ela volte correndo. Não importa. Ninguém esquece. Não que eu esteja lutando pelo ~privilégio~ de poder abandonar um filho por aí, só estou questionando o duplo padrão. Sempre ele. Vocês entenderam. 

Aliás, questiono muito também nossa cultura de celebrar as pessoas por serem minimamente decentes. Tipo político que adora bater no peito e dizer que não é corrupto. Parabéns? Não sou racista, não sou homofóbico, não chuto cachorro. Que legal, colega, quer uma estrela dourada do lado do seu nome? É o mínimo que a gente tem que esperar de qualquer pessoa. Cuido do filho que fiz. Arrasou campeão?


De novo, não acho que o caminho seja minimizar os feitos e sacrifícios dos nossos pais. Meu pai é, sim, meu herói, mas não queria que ele fosse visto como herói pelos outros, porque isso significa que homens como ele ainda são exceção, quando devia ser regra. Homens como ele, quando vão até o carro trocar a fralda das crianças, passam primeiro por psicopatas e depois por pais. Mais fácil o cara estar sequestrando um bebê do que improvisando um trocador. Isso não é muito, muito triste?

Esse post não tem conclusão, é só um apanhado de questões que me surgem sempre que penso na minha relação com meu pai. Porque eu lembro que nem todos são iguais a ele, e tem algo de muito errado num mundo assim. Não acho que todos os pais ausentes (seja física, emocional ou financeiramente) sejam pessoas necessariamente ruins, muito menos maus pais: vivemos num mundo onde se exige muito pouco deles. É normal. Não devia, mas é.

Se for pra falar de heroísmo, que se fale então dos dois, pais e mães, de sangue ou não, e todas as pessoas que dão o seu melhor pra criar seres humanos bons, numa esperança de que o mundo tenha mais gente bacana. Acho que a situação no presente é melhor do que no passado, e quanto mais falarmos nisso, mais pais conscientes do seu papel de verdade vão vir por aí. 

Pelo menos é o que eu espero, porque eu quero muito ter filho e não vou me contentar com nada menos do que um pai como foi e é o meu pra mim. 

Três príncipes, um guerreiro e um plebeu: os melhores homens da Disney

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Desde que me entendo por gente, sou uma crusher. Crusher, do verbo em inglês to crush, é uma palavra que designa o tipo de pessoa que nasce tendo quedas por pessoas. Não é amor, talvez seja cilada, mas é definitivamente divertido. É aquela gracinha, o friozinho na espinha, o olha não olha, as ideias erradas, aquele "e se?" que não enlouquece, é uma atração sem compromisso, uma possibilidade. É um amor platônico do bem. 

Sempre nutri crushes variadas, seja por garotos que estudavam comigo, pelo filho da professora, os caras do terceiro colegial e todos os baixistas do mundo. Não precisa ser plausível, muito menos real: minhas crushes desconhecem barreiras de idade, geográficas, temporais e de realidade - se é homem (na verdade, nem precisa ser homem, tenho girl crushes também #confissões) e é charmosinho, está na minha lista. Não precisa nem ser de carne e osso, não tenho preconceitos. Acho super possível ter uma quedinha por personagens de desenho animado, e é pra dividir essa minha patologia com vocês que venho por meio deste compartilhar meus homens favoritos do universo Disney. 

5) Príncipe Hans (Frozen)



Eu sei. EU SEI, ok? Mas não posso evitar. Veja bem, eu sou uma pessoa que oferece pouca resistência quando tem música envolvida. Eu amo duetos, amo dancinhas e depois de 30 segundos de "Love is an open door" já estava completamente vencida, prestes a dizer sim pro príncipe Hans também. Deve ser mal de Anna. Feelings are the only facts. Sei que depois descobrimos que não era amor, era cilada, mas como foi bom enquanto durou! Um príncipe ruivo e meio tonto, I was enchanted to meet you, too. 

4) Príncipe Eric (Pequena Sereia)



Eu não gostava tanto assim do filme da Pequena Sereia quando era criança, então não tenho muito o que dizer sobre o Príncipe Eric (sei que ele era meio marinheiro e tinha um cachorro, duas informações super importantes pois muito sexy). Ele só marcou a minha vida porque bem, tinha um Eric de carne osso acontecendo. Se acalme, querido leitor, não vem uma história de amor aí: eu tinha mais ou menos uns oito anos, e teve uma época que aos sábados eu ia almoçar com meus pais sempre no mesmo restaurante. O gerente de lá tinha o cabelo preto, maxilar quadrado, olho azul e se chamava... Eric! Eu juro! Obviamente tinha uma crush infantil (?) por ele, e obviamente não sabia lidar com a situação. Como íamos no restaurante sempre, ele costumava me dar balas quando estava atendendo no caixa, e eu morria de vergonha, não dizia nada, nem obrigada, ele com certeza me achava idiota. 

Queria dizer que de lá pra cá muita coisa mudou, mas quem estou enganando, não é mesmo? 

3) Li Shang (Mulan)


THE TENSION!!111 THE FEELS!!1111
Então. O Shang. Pra vocês verem que a nossa infância explica muito sobre as pessoas que nos tornamos: talvez o meu amor por casais brigões tenha surgido daí, e minha obsessão por encontrar tensão sexual em qualquer luta e bate-boca derive de Mulan. Tudo começou com Mulan e Shang. Ele duvida dela no início, é grosso, tem um jeitão de cara que um dia vai te puxar pelo braço e dizer escuta aqui kiridinha, mas preciso fazer coro ao chamado de Vovó Fa: Gostaria de ficar pra jantar? Gostaria de ficar pra sempre?

2) Príncipe Felipe (A Bela Adormecida)




Sei lá, não superei? Príncipe Felipe é, disparado, o melhor príncipe da Disney e nem é só por cantar e dançar. Ok, é principalmente por cantar e dançar. Já disse que músicas são importantes e que eu amo duetos, então "Once upon a dream"é minha música favorita da Disney e acho que não existe cena mais romântica no mundo do que a dos dois dançando juntos na floresta. É a pura definição do amor. E o Príncipe Felipe tem esse jeitinho altamente crushable de fazer gracinhas, a forma como ele segura na mão dela, os diálogos com o cavalo (a única coisa melhor que um homem que gosta de cachorros é um homem que gosta de cavalos e conversa com eles), o olhar. Sei lá. Quero. 

1) Dimitri (Anastasia)



Meu primeiro lugar não é nem da Disney e nem um príncipe. Dimitri é um plebeu de marca maior, um kitchen boy, talvez meio malandro, e o personagem masculino de desenho mais dreamy de todos. Tenho crush violenta desde os, sei lá, cinco anos de idade e contando. Como superar Dimitri? Ele e Anastasia tem os melhores arranca-rabo de todos os tempos, e é muita tensão sexual e romântica acontecendo, não sei lidar - é por isso que eu fico vendo fanvideos horríveis dos dois (isso existe!!) e derretendo (eu sou completamente doente). Ele é genuinamente engraçado, idealista, indignado no palanque, e muito, muito sexy. Até a voz do dublador é sexy. E beija direito, não aqueles beijos assépticos da Disney. Vamos analisar esse segundo gif: não parece um beijo muito bom? Afff, Anastasia melhor filme.

Enfim, é isso aí. Desculpa ser ridícula.

> Semana que vem vou gravar um vídeo de perguntas, então me ajudem aí perguntando qualquer coisa. Sobre mim, minha vida, meu cachorro, a vida, o universo e tudo mais. Mas perguntem. Por favor. Pode ser nos comentários, pelo Twitter, por e-mail, enfim, você escolhe. Mas vamo ajudar a blogueira aí, ok? Beijos de luz.

Prazer, Sandy

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Não sei direito como começar esse texto. Não é que eu não saiba o que escrever, mas são tantas coisas que não sei muito bem por onde começar. Na verdade, foi mais ou menos assim que essa história começou (de novo): estava ouvindo música de um jeito displicente, fazendo um milhão de coisas ao mesmo tempo, quando o modo aventura do Rdio começou a tocar uma música da Sandy.

Soube logo de cara que era ela porque não é um tipo de voz que não se identifica logo de cara, mas todo o resto me pareceu estranho. "Eu mudei o meu cabelo. Me tatuei, troquei de carro e de amor. Tenho alguns bons amigos e ainda me sinto tão só". O lirismo da voz de princesa da Disney estava ali, inconfundível, mas ainda assim. Quem é essa pessoa? Voltei a música, ouvi de novo e de novo, até que de repente não estava mais fazendo um milhão de coisas, apenas uma: ouvindo o cd da Sandy.


Parece bizarro isso, mas a sensação que tive durante a meia horinha que dura Sim foi que estava recebendo a Sandy no meu quarto, e que ela estava sentada na minha cama com as pernas cruzadas, descalça, encostada na parede, me contando onde esteve nos últimos anos. E eu ouvia, fascinada, aquela mulher de 30 e poucos anos me contar que se acha jovem pra ser velha e velha pra ser jovem, e que toda a vida que ela achava que tinha pra viver aos 20 e poucos de repente se tornou curta e rápida pra tudo que ela queria viver.

Foi como reencontrar uma melhor amiga de infância com quem não se fala há muitos anos e querer ser amiga dela de novo. A Sandy foi meu primeiro ídolo, a primeira pessoa que eu quis ser que não fosse minha mãe ou minha avó. Eu imitava as roupas e o corte de cabelo, tinha os produtos licenciados e minha fase riponga mística começou, obviamente, por causa do seu papel em Estrela Guia. Foi com o Diário da Cristal que comecei a ler sobre signos, numa época em que eu colecionava pedras bonitas, queimava incensos em casa (pro horror dos meus pais) e usava anel nos dedos dos pés. A Sandy era como aquela prima mais velha, perfeita aos olhos deslumbrados da garota que queria ser exatamente daquele jeito. Igual. Perfeita. Talvez até demais.


A Sandy era perfeita demais, muito Sandy. Certinha, simétrica, meiga e correta, sempre com aquela cara de quem tem um Bom Ar acoplado na bunda (perdão pela imagem mental). E o problema é que - surpresa! - eu sempre fui assim meio Sandy na vida, ou pelo menos foi nessa caixa que sempre tentaram me colocar. Sem nem perceber (ou querer) eu tinha mesmo ficado igual a ela, pelo menos aos olhos dos outros. Não sei se é pela voz de criança, a introversão, sei lá: sempre fui a meiga, a garota certa e quieta, que nunca faz nada de errado, não se exalta e nem sai da linha. Ou pelo menos era (é?) assim que as pessoas me viam (veem?).

Nunca me identifiquei com nada disso, sempre me incomodei com a expectativa equivocada que isso gera a meu respeito, porque ao mesmo tempo, de um jeito muito louco, sentia (sinto?) uma necessidade irracional de fazer jus a essas expectativas. É por isso que sempre gostei de fazer tudo certinho, por isso que morro de medo de errar, é por isso que a vida às vezes me apavora. A vida não é certinha e racional, acontecem coisas e nem sempre temos controle sobre elas. Nem sempre temos controle sobre a gente e isso não precisa ser uma tragédia. Pelo menos é o que eu venho tentando dizer pra mim mesma nos últimos anos, num exercício custoso e diário de dizer mais sim do que não, de saltar e ir, ainda que com medo.

Porque uma hora a gente supera, né? A gente se supera. Ainda bem. Não que seja fácil, mas eventualmente a gente chega lá. A Sandy, pelo menos, chegou. Chorei horrores ouvindo "Sim", completamente desavisada do efeito que a música teria sobre mim. "Eu disse sim pro mundo, eu disse sim pros sonhos e pra tudo que eu não previa", era a fase de revisões finais do livro, o fim de um processo que me virou do avesso, meses inteiros dormindo e acordando abraçada com um monstro que sussurrava todos os dias pra mim que aquilo era loucura, que eu não era o suficiente."Eu disse sim pra tudo que eu podia, e eu podia mais do que eu sabia"ao ouvir isso, desmontar era a única opção. Porque era isso, sabe? Eu tinha acabado de escrever um livro, que eu jamais imaginei que eu pudesse escrever. E se não fosse o livro, poderia ser outra coisa. Todos os sins que me doem tanto o tempo inteiro, mas que na maioria das vezes, ao final do processo, me cobrem com uma certeza de que é possível ser muito mais do que imagino.


As pessoas sempre tentaram desesperadamente enfiar a Sandy nessa caixinha de Sandy, mas ela continuou sendo a Sandy - só a Sandy - esse tempo inteiro. Quando disse pra revista que aos 16 anos ainda não tinha beijado, ou quando confessou, anos depois, que fazia terapia (numa época em que fazer terapia não era tão banal assim), que não se achava bonita. Hoje eu consigo ver que essa imagem de aparente inocência nunca foi sinônimo de fragilidade, muito pelo contrário. Sandy parou de cantar com o irmão, lançou dois discos, virou apresentadora de TV, cortou o cabelo, ficou loira, fez propaganda de cerveja, foi pro carnaval, deu entrevista pra Playboy, casou, virou mãe - meio que conseguiu tudo, mas aí você ouve "sim pro inexplicável, eu disse sim, eu caso", e a idealização cai por terra. Sandy tem dúvidas, é torta, escuta Bon Jovi e se sente sozinha. Ufa, eu também.

Ouvir o disco foi como ouvir ela me contar tudo isso com uma honestidade inesperada, quebrando aquela barreira impenetrável de antes, quando eu realmente não sabia quem ela era. Conhecia os cortes de cabelo, os figurinos de palco, seus uuh-uuuhs e ooohs, mas não a enxergava direito por trás das músicas traduzidas, assinadas por produtores. Eu conhecia a Sandy perfeita, e não tem nada mais desumanizador do que um ideal de perfeição - e isso vale pra nós duas.

Agora ela estava ali, e eu também, e era como se a gente estivesse se reencontrando e se conhecendo pela primeira vez, ao menos tempo. Prazer, Sandy. Quem diria, né? Sandy, que mulher. O mundo dá muitas voltas, mas estou aqui, uns quinze anos depois, querendo, de novo, ser um pouco como ela.

Amiga, me ensina?

> Depois de ouvir o disco pela primeira vez fui logo mandando a Analu ouvi-lo também, porque quando se tem uma metade é assim, você simplesmente sabe quando a pessoa precisa tanto daquilo quanto você. E aí que quando estávamos planejando nossos calendários do BEDA, ela disse que dia 11 postaria sobre a Sandy, sem saber que há alguns dias eu tinha planejado a mesma coisa pro mesmo dia. Acabei de ler o post dela, que é praticamente idêntico ao meu, e nunca falamos sobre o que iríamos escrever. Parece até piada. Que bom que não é.
>> Esse texto sobre a Sandy se casa muito bem com um que eu escrevi ano passado, sobre a Jenny Lewis, minha cantora favorita. De jeitos diferentes, elas cantam sobre as mesmas coisas e vale muito a pena conhecer;
>>> Semana que vem vou gravar um vídeo de perguntas, então me ajudem aí perguntando qualquer coisa. Sobre mim, minha vida, meu cachorro, a vida, o universo e tudo mais. Mas perguntem. Por favor. Pode ser nos comentários, peloTwitter, por e-mail, enfim, você escolhe. Mas vamo ajudar a blogueira aí, ok? Beijos de luz.

Coffee & TV & uma pausa pra respirar

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Essa semana a Ana, do Oh So Fangirl, que também está participando do BEDA (#resistência), criou um meme bem bacana pra falar sobre séries de TV, ao qual fui indicada. Ele veio pra preencher uma lacuna no meu planejamento, que não contava com nenhum post sobre séries, e caiu como uma luva no dia de hoje, em que a exaustão mental e a falta de tempo não me deixam escrever nada além de uma listinha gostosa (e cheia de saudades e fangirling) sobre as coisas que mais gosto de assistir. 

Obrigada, Ana, por salvar meu BEDA no dia de hoje. Já aproveito e repasso a bola para minhas companheiras de BEDA, pois acredito que nessas horas um meme sempre é bem-vindo: Plan, Rafinha, Bincas e Sofia.

     10) Miss It: 3 séries que acabaram e que você sente saudades


Parks and Recreation: A última série da qual me despedi, e eu tanto não sei dizer adeus que ainda não consegui escrever a respeito do jeito que ela merece - e ela merece demais (mas já falei sobre sua trilha sonora). Esse vídeoé a única coisa que consegue expressar mais ou menos os meus sentimentos.


Breaking Bad: Ao menos uma vez por semana, toda semana, eu me pergunto se vai ser naquela semana que eu finalmente vou sucumbir e começar a ver essa série de novo. Breaking Bad é insuperável. 


Gossip Girl: Foi a primeira (e única) série que eu acompanhei em tempo real do primeiro ao último episódio (na época fiz até um especial de despedida aqui no blog), quatro anos da minha vida investidos no Upper East Side. Então sim, sinto saudades, me deixem.

     9) Best Scenes: 3 cenas marcantes

É óbvio que eu só vou elencar momentos românticos. Desculpa ser ridícula.


Pedido da casamento do Chandler e da Monica: Já assisti Friends uma quantidade de vezes que nem paga bem ficar dizendo por aí, e eu nunca assisti a esse episódio sem me emocionar. É como se eu sempre estivesse vendo pela primeira vez: os desencontros, a aflição, aquela sensação horrorosa de que tudo vai dar errado. Até o Richard renasce das cinzas. O Richard! Mas no final, claro, tudo acaba bem, mais do que bem, com o melhor pedido de casamento de todos os tempos. O mais honesto e emocionante, os dois morrendo de chorar, se amando muito, e eu ajoelhada na sala chorando também. Momentos.


A contagem regressiva em The O.C.: Tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo! Tem o Ryan subindo as escadas correndo pra chegar a tempo de beijar a Marissa à meia-noite, tem o início do namoro de Anna e Seth. É impossível não prender a respiração durante essa sequência e sempre que ouço "Dice" só consigo pensar em Anna e Seth tirando o lixo juntos e no sorriso da Marissa ao ver o Ryan entrar esbaforido por aquela porta pra finalmente dizer que a ama.


Chuck e Blair na limusine: MUITAS REAÇÕES! Lembro até hoje de assistir a esse episódio pela primeira vez e ficar chocada porque WHAT como assim Chuck e Blair juntos, e depois WHAT como eu nunca tinha pensado nisso antes por favor melhor casal eveeeerrrrrrr. Lembro até hoje de no dia seguinte encontrar minha amiga na escola no meio do corredor e nós duas começarmos a pular e a gritar e falar ao mesmo tempo VOCÊ VIU VOCÊ VIU CHUCK E BLAIR AAAHHHHHH!!!!!

     8) Best Cast: cast favorito


Parks and Recreation: Parks é uma das poucas séries que conseguem o feito de fazer com que eu me importe com todos os personagens na mesma medida. Não consigo dizer quem é meu favorito (mentira, é a Leslie), porque todos ocupam um espaço muito importante no meu coração. Além disso, os atores são tipo as melhores pessoas do mundo. Tudo de maravilhoso que vejo a respeito de comédia nos Estados Unidos tem o dedo de um (ou vários) deles no meio, pode observar.

     7) Comfort Show: sua série conforto


Gilmore Girls: Gilmore Girls é tipo um pedaço de pizza pra alma. Não importa como eu esteja no momento, ir para Stars Hollow sempre me leva pra um lugar melhor.


Friends: Preciso dizer alguma coisa? As temporadas de Friends nunca saem do meu aparelho de DVD e eles sempre estão lá pra me fazer companhia num almoço solitário, naqueles minutos antes de pegar no sono, ou sempre que preciso rir e não pensar em nada. Assistir Friends é como estar em casa.

    6) I Quit: uma série que você abandonou


The Big Bang Theory: Acompanhei a série até a quarta temporada e até achava bem divertido, mas a série foi ficando tão repetitiva e os personagens tão insuportáveis que abandonei e peguei raiva - principalmente pelo recorrente discurso nerd-machistinha e as infindáveis indicações ao Emmy em detrimento de c e r t a s c o m é d i a s (sim, estou falando de Parks and Rec de novo).

     5) Geladeira: a próxima série que eu quero ver é...


Sense8: Comecei a assistir o primeiro episódio no domingo, mas acabei dormindo. Nada pessoal, eu dormia vendo Breaking Bad também. Apesar de ter achado tudo muito estranho e não ter me apegado ainda, a proposta me parece ótima e eu já estou farta de não entender as piadinhas no Twitter. #prioridades

     4) Quote on Repeat: uma quote que nunca esqueceu




                                


     3) Ship It: 3 ships para nunca superar


Leslie e Ben (Parks and Rec): Shippo esses dois de um jeito que não deve ser nem saudável. Sabe quando você sente aquilo na sua alma? Porque a Leslie é minha personagem favorita e meu alter ego num universo paralelo e ideal, enquanto o Ben é tudo que eu sonhei pra mim. Então sim, pode ser que um dia eu já tenha dito em voz alta que espero um dia na vida amar alguém da mesma forma como amo o Ben. Also, amo que uma piada recorrente dos dois seja a adoração da Leslie pela bundinha do Ben porque, uau, isso precisava mesmo ser reconhecido.


Rory e Jess (Gilmore Girls): É errado? Sim. O Jess foi um idiota com a Rory? Demais. Daria certo na vida real? Não. Perco o juízo por eles? Com certeza, até fiz uma mixtape temática e eu só faço mixes pra coisas que levo muito a sério. Feelings are the only facts, viro geleia sempre que assisto a cena do primeiro beijo ~oficial~ deles. "Well, whatever happens between us at least we know that that part works". 


Blair e Chuck: Cês me perdoem o monotema, mas é que ando com uma saudade aguda de Gossip Girl, e talvez o principal motivo que esteja me impedindo de ver tudo de novo é que morro de medo de não conseguir mais ver Blair e Chuck do mesmo jeito (da última vez que revi The OC, por exemplo, brochei bastante com Seth e Summer, mas é segredo). O relacionamento dos dois é muito problemático e em nome do ship faço vista grossa pra esses pontos, mas eles estão aí. Ainda assim, gosto de me enganar e dizer que é um casal denso e poucas vezes na vida fiquei tão mexida com uma cena como quando eu vi o reencontro dos dois na estação de Paris.

    2) Best Characters: 3 personagens icônicos


Leslie Knope (Parks and Rec): Novamente, me perdoem o monotema (acreditem, eu assisto várias outras séries que não são Parks and Recreation), mas levem ele como uma evidência incontestável do quão maravilhosa é a vida em Pawnee. No meio de um elenco de atores e personagens tão maravilhosos que não consigo mensurar, Leslie ainda consegue ser a melhor. Porque sim, porque ela é inspiradora e real ao mesmo tempo e a pessoa que eu quero ser quando crescer.


Dale Cooper (Twin Peaks): Meu personagem masculino favorito da TV, Dale Cooper é a melhor pessoa, o melhor agente do FBI, o melhor amigo, o melhor ator, e, como diz Audrey Horne (Coop e Audrey seriam meu quarto ship insuperável), seu único defeito é ser perfeito. 


Jesse Pinkman (Breaking Bad): Minha relação com o Jesse não é normal, porque eu me importo com ele como se ele fosse uma pessoa de verdade. Sabe quando você fica aflita de verdade, pensando se está tudo bem com aquela pessoa? Eu realmente  me preocupava com o Jesse - e considerando o tanto de coisa que ele apronta e o tanto que aprontam com ele, cês podem imaginar como esse moleque me fez sofrer.

     1) Watching It: 3 séries do momento


The Office: Minha favorita do momento - com o segundo melhor elenco da televisão americana. Acho incrível a forma como The Office consegue ser tão amarga e tão doce ao mesmo tempo, e o texto me impressiona a cada novo episódio ou temporada.


Demolidor: Adorei muito os primeiros episódios da série, mas ainda não consegui terminar a primeira temporada. Ela é sombria e muito violenta, e ando num estado de fraqueza das ideias que olha, tô evitando as pancadarias. A idade chega pra todos.


Verdades Secretas (!): Ok, é uma novela e não uma série, mas acho que a Globo está acertando no ritmo pra fazer produções mais parecidas com a televisão americana. Ela é meio errada, às vezes muito cafona e caricata (texto do Walcyr Carrasco, né), mas também é ótima e muito viciante. As coisas evoluem rápido, os capítulos sempre terminam em cliff-hangers, e a direção é muito interessante, pra não falar da trilha sonora. Vi o primeiro capítulo por curiosidade e de repente já tinha visto duas semanas e todo dia fico louca pra chegar em casa e ver mais um pouquinho. 

Querida Anna...

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...sou eu. De novo. No passado falei com você direto do futuro, e agora, no futuro, estou falando com você direto do passado. Desculpa a confusão. Você ainda tem paciência pra essas coisas?


Escrever pra Anna de 10 anos foi fácil. Difícil, mas fácil - sabe assim? Foi difícil porque eu precisei reviver várias coisas, vários monstros, mas fácil porque eu estava olhando pra eles de um outro lugar. Um lugar melhor. Então tudo bem. Passou, sobrevivi. Sobrevivemos. Mas, agora, não faço a menor ideia do que vou encontrar na Anna de 31 anos e tenho medo disso. Tenho medo de você ler essa carta e querer voltar pra trás, e não seguir em frente. Tenho medo de quem eu sou hoje sentir vergonha de você. Ou pena. 

Tenho medo de muitas coisas.

Não sei se você lembra, mas, no início desse ano, eu tentei manter um diário. Você provavelmente não se lembra exatamente dessa tentativa, que foi apenas uma dentre tantas, mas ela durou mais ou menos duas semanas. Em minha defesa, nunca fomos tão longe (ou fomos? é estranho pensar que você sabe de algumas coisas que eu ignoro). Mas nesse meio tempo nosso avô ficou doente. Nossos avós ficaram doentes. E aí eu não tive coragem de escrever mais nada, porque fiquei paralisada de pavor de imaginar que eu poderia ter que voltar pr'aquele diário um dia com notícias piores do que as que já tinha. Não conseguia falar sobre meu susto e meus medos porque tinha muito medo de que eles se tornassem realidade, e então um dia, no futuro, eu fosse obrigada a reler aquelas coisas, o antes, e lembrar como foi quebrar a cara no meio do caminho. 

Depois de alguns dias fui lá escrevi: coragem, querido coração. Ponto.

Os monstros eram apenas árvores e agora está tudo bem, mas quando penso em escrever pra você sinto o mesmo medo. É por isso que nunca tive coragem de usar um daqueles serviços de agendar um e-mail pro futuro, porque tenho muito medo do que o futuro vai encontrar e do que as minhas palavras do passado podem provocar em mim daqui 10 anos. (I love you but I'm lost)


Porque eu tô feliz. Eu tô feliz de verdade. A vida não é perfeita, as coisas sempre podem melhorar, e em alguns dias eu só queria fugir. Queria, mas não queria - sabe assim? Quando paro pra pensar em todas as escolhas e caminhos que tomei pra chegar até aqui - e todos os desvios que poderiam ter mudado a minha vida - vejo que não queria que tivesse sido de outro jeito. 

E eu tenho sonhos. Muitos. "Sonho tão grande que tenho vergonha de falar", li isso numa entrevista da Bruna Marquezine, lembra dela? Eu sei, eu sei, a Salete insuportável. Mas não é verdade? Puxa aí na memória: meus - nossos - sonhos são enormes. Eles me deixam com vergonha, e com medo também. Lógico. Quantas vezes eu já disse medo nessa carta? Parece até um pouco contraditório, afinal na carta que escrevi pra Anna Vitória do passado disse várias vezes que era pra ela não ser tão medrosa. Mas cá estou eu, empilhando medos no seu colo. A diferença é que a Anna do passado tinha medos infundados, absurdos, aleatórios, e os meus - os nossos - existem por um motivo. 

À essa altura, já aprendi que as coisas dão errado. Já vi que não é sempre que no final fica tudo bem e que nem sempre depende da só da gente. Meus 21 anos me ensinaram que, sim, às vezes a gente faz tudo certo e mesmo assim dá tudo errado. Acho que crescer é isso: você descobre que tem motivos de verdade pra sentir medo - e é por isso que os do passado parecem tão menores e mais fáceis de deixar pra lá. Afinal, o que é uma festa, um garoto, ou uma nota baixa perto da morte? Da desilusão? 


Recentemente, finalmente dei a atenção devida à trilogia Before. Antes do Amanhecer. Antes do Pôr-do-Sol. Antes da Meia-Noite. 3 filmes em 20 anos. Eu adoro a forma como Linklater trata a passagem do tempo, e crescer e envelhecer com Jesse e Celine foi uma experiência dessas que me fazem pensar que é pra isso que o cinema - e a arte, de modo geral - foi inventado. São filmes lindos, delicados, honestos, realistas e muito difíceis, principalmente no final. Porque Jesse e Celine crescem. E envelhecem. E as pessoas que eles se tornam às vezes olham pro passado de um jeito cínico, e encaram o futuro de um jeito amargo. Quanto mais o tempo avança, mais horríveis eles ficam, com eles mesmos e um com o outro. 

"When you grow up your heart dies", diz a Allison Reynolds. Acho que de todos os meus medos, esse é o maior. Todo livro, filme, ou série que vejo que aborda a vida adulta em comparação com a juventude mostra isso. As pessoas crescem e endurecem. É um mecanismo de defesa muito válido, não estou julgando ninguém. Imagina só viver quarenta, cinquenta, sessenta anos à flor da pele? Haja coração, haja pele pra queimar, espetar, rasgar, e haja espaço pra costurar tudo no lugar depois. Eu entendo.

Entendo, mas não entendo - sabe assim? Entendo, mas não aceito. 

Passamos muito tempo da nossa vida com medo de viver, e agora que sei como essa brincadeira funciona, não consigo aceitar menos que isso. A gente não pode ficar parada, lembra? Falando assim parece que não boto muita fé em você, e não botar fé em você significaria não botar fé em mim, e taí outra coisa que não aceito. Mas, de novo, não posso evitar o meu medo, e a melhor coisa que eu faço quando sinto medo é tentar reparar os danos antes que eles aconteçam.

Um dos meus sonhos grandes é que você leia essa carta e dê uma risada gostosa. Quero que você me ache muito bobinha. Quero que você deboche de mim e sorria por dentro, orgulhosa, por ter saído muito melhor que a encomenda. Quero que você seja um clichê engraçado da mulher de trinta: de robe florido, cheia de frescuras perdoadas pelos 30 anos, que você vai adorar contar pros outros só porque tem trinta anos e tudo é permitido. Sinto elas cada vez mais próximas: agora sempre olho a quantidade de sódio dos alimentos, tenho evitado frituras e como cada vez mais salada - e cada vez de mais bom grado. Ontem mesmo comprei um ketchup rústico, e tenho lido muito sobre grãos, principalmente esses de nome esquisito que são bons pra tudo.

Não esquece: nosso objetivo de vida é envelhecer como a Julie Delpy
Quero que você se lembre da pessoa que sou hoje, e de como me sinto feliz e realizada. Lembra que com 21 a maioria dos seus amigos eram seus melhores amigos, porque eles são demais mesmo. Lembra da sua família e dessas pessoas que a cada dia se tornam menos autoridades que você deve temer e obedecer, e mais companheiros em quem você confia e escolhe ouvir. Lembra de como você se sentia plena e dona do seu corpo e sobre todos os momentos infinitos que vivemos. Lembra de como era fácil ser idiota do melhor jeito, e cantar alto, ser inconveniente, lembra daquela vez que você pediu licença pra um cara muito lindo e foi dar o braço pra sua melhor amiga e ser ridícula fazendo uma performance junto com ela, sem medo do que ele e os outros fossem pensar, sem se importar se ele iria embora ou não. Lembra que ele não foi.


Lembra de todos os meus sonhos, e cuida deles com carinho. Espero que você tenha boas histórias pra me contar um dia. (I hold myself alive, I love you but I'm lost)

Ouvindo uma música da Sandy, temo pelo momento que você vai perceber que toda a vida que eu achava (acho?) que tenho pra viver não é tão grande assim. Me assusto quando penso que você pode parar pra pensar sobre esses 31 anos e sentir que não tem mais tanta vida pela frente, mas que ainda te falta tanto. Se acontecer (acontece, né? minha adolescência tardia que o diga), espero que não te falte fôlego e pressa pra correr atrás de tudo. Assista Antes da Meia-Noite de novo, e se lembre das partes boas dele. Pense naquele final, mas sempre volte ao Antes do Pôr-do-Sol e continue perdendo os voos.

Coragem, querido coração de 31 anos.
Não deixe de bater com força.

I'm better than I know
There is room to grow


> Texto inspirado na carta que a Sofia escreveu para a Sofia de quase 34 anos

Velhas e loucas

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Já acompanhei alguns casamentos de gente mais ou menos da minha idade, mas nunca de uma amiga. Amiga dessas que a gente divide colchão, travesseiro, empresta pijamas e pinta as unhas do pé numa sintonia compartilhada ao som do cd da Miley Cyrus. Amiga com quem a gente conversa sobre fanfics mentais, sobre o futuro e imagina como vai ser quando a gente tiver filhos, com quem a gente sonha junto com uma lage e uma piscina de mil litrões, pois somos suburbanas até na imaginação - até, claro, que o sonho muda e de repente temos cinquenta anos e estamos indo (de excursão) para a Croácia. Uma amiga, simples assim.

Essa pessoa tem um marido
Ano passado, graças ao Facebook, minha mãe recuperou o contato com os amigos da época da faculdade. Eles marcaram um churrasco e minha mãe pediu pra eu passar lá um pouquinho para conhecer as pessoas, e logo quando cheguei uma amiga da minha mãe me abraçou muito apertado e começou a chorar. Com lágrimas nos olhos, ela segurou meu rosto nas mãos, sorriu pra mim e disse: "Anna Vitória, eu não acredito que é você".

Na hora eu fiquei completamente sem reação, porque não sei muito bem qual o protocolo a ser seguido quando uma pessoa que você nunca viu na vida passa por uma catarse emocional por conta da sua presença, mas aos poucos fui pensando a respeito e entendendo qual foi a dela. Ela era eu daqui a alguns anos. Ou talvez nem tantos.

Eu nasci quando minha mãe ainda estava na faculdade, e fui na sua festa de formatura como um bebê de colo, vestindo um lindo vestido xadrez e um chapéu branco de baile. Minha mãe conta que eu passei a festa inteira de mão em mão, colo em colo, todo mundo queria ver de perto aquele fenômeno que era o bebê da colega de sala. Ainda que há vinte anos fosse bem mais comum engravidar aos 24, ela foi uma das primeiras da turma a ter filhos. 

Pensando sobre o casamento da minha amiga, consegui olhar esse encontro não com os olhos de filha-quase-adulta-meu-deus-quem-são-esses-loucos, mas sim com os olhos de quem estava diante da filha-quase-adulta-meu-deus-do-céu-olha-o-tamanho-dessa-menina da amiga de faculdade. Amiga dessas de matar aula pra ir tomar cerveja, fazer trilha no feriado, ir filar um almoço bom depois da aula. Amiga que chama sua mãe de tia e sua avó de vó, que compartilhava o pânico das primeiras experiências em sala de aula como professora, que ia no banheiro do bar conversar sobre homens, amiga pra falar de casamento e filhos como se fossem partes de um futuro muito, muito distante. Uma amiga, simples assim. 

É muito fácil entender o que ela sentiu porque recentemente sonhei (literalmente) que outra amiga estava dando a luz e acordei emocionada. Porque casar e ter filhos são sonhos que a gente sonha junto das nossas amigas também, e eles são compartilhados da mesma forma que se divide os grampos de cabelo, a água termal (folia da água termal!) e as garrafas de água na balada. Apesar de serem coisas tão adultas, que parecem reservadas a um futuro muito, muito distante em nossas mentes de eternas adolescentes (vide fanfics mentais), uma hora eles se tornam realidade - e aí as lágrimas do mundo não são mesmo suficientes pra dar conta da imensidão de tudo.

WHAT
(eu peguei o buquê!)
Uma coisa engraçada: se não fosse o casamento no meio, poderia ter sido só mais um dos nossos feriados. Teve folia no aeroporto, Taylor Swift no carro, pizza da Domino's e a gente sendo inconveniente em lugares públicos, pro completo horror de quem tem o azar de estar por perto. Teve praia e aquele momento em que o mundo parou quando não dava pra saber de quem era aquele braço, em qual ombro estava apoiada e quantas pernas tinham enroscadas nas minhas. Só a gente, o  mar quente do Nordeste, o sol que queimou as nossas costas e o dia mais lindo de todos. Uma senhora olhou de longe e chegou perto pra dizer que parecíamos uma escultura, um belo buquê de bundas ao sol. Os colchões na sala, os óculos perdidos, os colares, a fila pra tomar banho, as maquiagens no banheiro. E no meio de tudo, um casamento. O casamento! 

De repente passei na porta do banheiro e lá estava minha amiga, com sua roupa do civil (o vestido da discórdia!), com as tranças que eu já vi ela fazer tantas vezes, passando uma última camada de rímel antes de ir se casar. Foi a primeira vez que desmanchei: estava acontecendo. Depois veio o salão, o momento em que invadimos a suíte da noiva e conversamos dos nossos cabelos, das nossas maquiagens e da nossa fome como se fosse uma festa qualquer. "Amiga, você vai casar!"provavelmente foi a frase que eu mais repeti nos dias que passei com ela, a noiva (noiva!), em Fortaleza. Precisava me lembrar da imensidão daquilo frequentemente porque, ironicamente, aquilo estava parecendo natural demais. 

Ué, mas não é exatamente assim que deveria ser?


Minha amiga se casou. Lógico. Conhecendo ela e sabendo com quem, estranho seria se não se casasse. Se o mundo girou devagar e rápido ao mesmo  naquele dia, se fiquei tão feliz que a cada momento pensei que não seria possível caber mais felicidade em mim, se foi tudo tão incrível que mesmo vendo as fotos às vezes penso que foi mentira, é porque o amor é mesmo a coisa mais linda e louca que existe. Lembrar que ele é real e acontece na vida das pessoas, e que as melhores pessoas da sua vida encontram outras melhores pessoas por aí, pra unir os trapinhos, tudo numa vida só, me deixa novamente pensando em milagres. A cada mil lágrimas sai um milagre, e eu estive diante de um dos mais bonitos. Vivendo o meu (ou melhor, os meus), e vendo o da minha amiga acontecer. Os buquês, os votos, a risada na hora em que ela recitou o discurso que dias antes escrevemos e reescrevemos juntas, Dindi, os Beatles, a tia, o tio, vovó, MB, Taylor Swift, Beyoncé e a gente.

Na hora do brinde da noiva, com aquela bebida azul não identificada que me queimou inteira por dentro, gritamos:"A gente casou!". Porque casar, ter filhos e viver, tudo isso são sonhos que se sonha junto, e não podia ser mais feliz e grata por minha amiga ter dividido um pouco da sua realidade comigo, com a gente. Minha amiga largou tudo pra se casar num sábado, e como num dos nossos melhores sonhos, eu estava lá pra ver. Não é muito louco quando os sonhos se tornam realidade? Espero nunca me acostumar com isso, e peço desculpas antecipadas às nossas futuras crianças, que vão ter que aguentar muitas tias velhas e loucas chorando a cada vez que olharem pra cara linda de cada uma delas. Eu, pelo menos, já garanto a minha parte.

Brinde da noiva: "A gente casou!"
Brinde do noivo: "Eita porra!"



Minha semana #2: sobre cansaço, cerveja e purê de batata

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dias de sol e vento gelado
Mais uma semana de BEDA chega ao fim, pra incredulidade geral da nação. Como aparentemente o resuminho da semana passada foi aprovado, farei o mesmo hoje. 

Passei o último fim de semana sozinha a não ser por Francisco, o poodle. Minha mãe foi pro interior comemorar o dia dos pais com meus avós e eu fiquei pra passar o domingo com Patriarca Rocha. No sábado à noite, quando eu estava prestes a aceitar a derrota pedindo um delivery de porcaria pra comer vendo Verdades Secretas, meu pai ligou perguntando se eu não estava com vontade de comer um hambúrguer, de modo que fomos. Já era mais de dez da noite e eu estava de pijama, mas algumas coisas na vida a gente não recusa: beijo na testa e hambúrguer são algumas delas. 

Sair com pai tem seus luxos, tipo tomar cerveja importada que eu nunca peço normalmente porque acho absurdo pagar dez reais numa long neck. Desculpa, sou pobre. Papai me ensina a tomar cerveja e eu ensino ele a comer hambúrgueres pouco ortodoxos, uma troca justa. Acho que minha favorita até agora é a Eisenbahn, uma cerveja alemã leve e que não tem aquele gosto ruim de cerveja, recomendo muito. Risos. 

Mais drops de vida real no meu snapchat: annachicoria
No domingo, como minha avó também estava viajando, senhor doutor Patriarca Rocha se encarregou do almoço de dia dos pais. O menu foi uma das minhas comfort foods favoritas que meu pai faz: coxa e sobrecoxa de frango assadas com bacon e molho especial, arroz e purê de batata. Como domingo é o dia da preguiça, o almoço já estava um pouco atrasado. Só que aí de repente estava atrasado demais, e às duas e trinta e oito da tarde descobrimos que o forno esteve desligado durante todo o tempo em que esperávamos inutilmente aquelas coxas ficarem douradas. Momentos. 

A semana no estágio também foi puxada, e meus privilégios de iniciante acabaram. Começaram a me passar trabalho de verdade e fui mandada pra uma entrevista externa tratar de economia e cortes no orçamento. Pense numa pessoa que quis se esconder e se fazer de surda. Pois é. A matéria consumiu uns alguns dias de trabalho e me deixou bem desgastada, o que me fez atrasar textos pra Pólen, pra Nós e pro Move. Peço perdão aos editores pelo vacilo, prometo melhorar.  


Também voltei pro francês, depois de dois meses sem dar notícias, e retomei minhas leituras para a monografia. Recebi um delicado e-mail da minha orientadora avisando que ela estava em Veneza curtindo o verão italiano, mas as minhas férias já tinham acabado, obrigada. Ou seja, all work and no play pra essa que vos fala essa semana. Aliás, vocês tem curiosidade a respeito de feminismo teórico? Posso compartilhar algumas leituras que tenho feito por aqui esse mês. 

Pelo menos consegui manter a rotina no Blogilates e hoje consegui fazer um yoga headstand! Vou aproveitar os próximos dias pra colocar minha vida no lugar, porque segunda a faculdade volta ao normal e pretendo evitar uma morte súbita no meio do caminho.

Sempre assisto esse clipe antes do pilates porque a bunda da Demi me inspira, beijos

A semana no blog
  • Sábado fiz um resumo da minha semana e compartilhei links de BEDAs alheios e coisas legais da internet;
  • Domingo falei sobre o dia dos pais e questionei a figura do pai herói;
  • Segunda fiz um top 5 dos meus homens em 2D favoritos da Disney;
  • Terça falei sobre o disco solo da Sandy e como foi crescer com ela ao longo dos anos;
  • Quarta respondi um meme sobre séries de TV e compartilhei minha relação obsessiva com Parks and Recreation;
  • Quinta eu escrevi uma carta para a Anna Vitória de 31 anos e falei um pouco sobre a trilogia Before, do Linklater;
  • Sexta falei sobre como é casar uma amiga e contei como foi um dos dias mais mágicos do ano;
A semana na Máfia
  • Na quarta, a Analu escreveu uma carta para os seus primos mais novos e compartilhou memórias lindas sobre o vovô Bussular;
  • Na terça, a Sharon escreveu um texto muito sincero e maduro sobre sua relação com seu pai, que não é herói, mas é pai, sim senhor;
  • Na sexta, a Couth contou o caso hilário dos e-mails que ela recebe em nome do misterioso Dr. Gabriel Pinheiro;
  • Na quinta, a Iralinha escreveu uma carta para si mesma daqui dez anos e pediu pelo amor de Deus pra estar viva até lá (por favor, Deus);
  • Na quarta, a Paloma fez uma releitura super legal de Quadrilha, aquele poema do Drummond, e eu fiquei morrendo de vontade de fazer isso de novo;
  • Na terça, a Rafinha falou muito bem falado sobre a Kim Kardashian e a importância da representatividade;
A semana na internet

Vejam esse vídeo, pelo amor de Deus

E vocês, o que leram/assistiram/ouviram/escreveram de interessante nessa semana? Compartilha aí! Por hoje é só, pessoal. Obrigada pela audiência e pela sua paciência companhia em mais uma semana de aventuras no BEDA, continuamos firmes e fortes nos próximos dias, certo? Lembrando sempre que sugestões são bem-vindas e eu queria muito saber o que vocês estão achando dessa experiência até aqui. 

Boa semana pra vocês e até amanhã!

Manifesto a favor da minissaia

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Ou: O dia em que um cara perguntou se minha saia não era curta demais

Sabe quando você sente que está sendo observada? 

Então, eu estava na Saraiva casualmente olhando uns livros quando senti que estava sendo observada. O Matheus estava sentado num banco ali perto e, do lado dele, tinha um cara. Esse cara estava me observando. Me distraí com os livros e de repente o Matheus não estava mais lá, só o cara e uma menina, amiga ou namorada dele. Os dois estavam me observando. 

Eu olhei pra eles, eles continuaram encarando. Sem disfarçar. Desviei o olhar, pensei que estivesse ficando maluca. Eles continuaram olhando. Olhei de volta, eles encararam, cochicharam. Ok, acho melhor sair daqui, pensei. 

Pensei que estivesse com a cara suja, batom no dente, ou delineador escorrendo depois de chorar vendo Pitch Perfect 2. Pensei que tivesse encostado em algum lugar sujo e manchado minha roupa branca, pensei que tivesse feito cocô nas calças, pensei que fosse famosa, mas não me lembrasse disso porque tive uma amnésia repentina, e na verdade eu era a Beyoncé ali casualmente olhando uns livros sem me dar conta das pessoas me reconhecendo. Pensei, de novo, que tivesse feito cocô diretamente na minha saia branca ou então que aquilo fosse um daqueles sonhos em que você de repente se descobre pelada na escola, mas no eu caso era a livraria e não um pesadelo, mas a realidade. Ok, definitivamente vou sair daqui, pensei, e saí de lá. 

Encontrei o Matheus em outro ponto da loja e fui logo perguntando se tinha algo errado com a minha cara. Vai que de repente fiquei meio cubista, nunca se sabe. Ele disse que não, estava tudo bem. "Tinham umas pessoas me olhando estranho, pensei que tivesse algo errado". Continuamos a olhar os livros. Depois de uns minutos, ele solta:

- Eu nem ia te falar, mas já que você percebeu eu saí dali porque o cara virou pra mim e perguntou se eu não achava que sua saia era curta demais. 


No primeiro momento eu também não entendi, por isso vou repetir: O cara. Aquele cara. O cara que estava me encarando de um jeito totalmente invasivo e fora dos limites, esse cara achou apropriado, ele achou razoável cutucar meu amigo, uma pessoa que ele não conhece, para dizer em voz alta o que ele pensa da minha saia, sendo que ele também não me conhece. 


Continua não fazendo sentido? Vamos tentar de novo: Um ser humano aparentemente se ofendeu com o tamanho da minha saia, e achou que fosse de bom tom interromper o meu amigo e dizer isso em voz alta, perguntando se ele não concordava que minha roupa estava meio fora dos limites. 

Um cara aleatório abordou outra pessoa aleatória pra falar da roupa de uma terceira pessoa aleatória, que não tem nada a ver com isso. 


Não sei nem o que se passa na cabeça de uma criatura dessas. Pensamos que ele poderia ser um cara religioso que achou que minha roupa não estava adequada ao que ele considera ser apropriado para sua moral e seus bons costumes; pensamos que ele poderia achar que minha saia estava, sei lá, mandando uma mensagem ofensiva pra ele ou pro universo; pensamos que ele fosse uma pessoa que se acha tão no direito de invadir a vida das outras que ele foi lá e falou da minha roupa como se fosse... ninguém. 

Isso mesmo, ninguém, porque NINGUÉM tem o direito de invadir a minha vida, o meu espaço, ou o de quem quer que seja para falar sobre a minha roupa, seja ela como for. Não vou entrar no mérito de discutir se a saia era ou não tão curta assim, porque isso não importa. Eu poderia ter esquecido minha saia em casa que ainda assim não caberia a ele, ou a qualquer outra pessoa, apitar sobre o que eu estou vestindo - e isso vale pra todas as mulheres aí.  Até quando esse tipo de coisa? Até quando?


O episódio me fez pensar em uma coisa que escuto frequentemente quando se debate o assédio: a justificativa torta de que algumas mulheres querem mesmo aparecer, se mostrar, chamar atenção. Minha resposta nessas horas é sempre a mesma: E DAÍ? Tipo, sério mesmo, qual o problema de querer aparecer, o que tem de errado numa saia curta e um decote, ou uma saia curta com decote? Dizem que mulheres que saem na rua se mostrando não podem reclamar do assédio, afinal estamos pedindo por isso, certo? Quem fala o que quer ouve o que não quer, e quem usa o que quer tem que ouvir o que os outros pensam sobre sua bunda, certo? Errado.

Vivemos numa cultura em que as mulheres são ensinadas desde meninas a se encolher, se esconder, ser sempre menas. Qualquer uma que desafie isso, seja falando alto, seja se metendo onde não foi chamada, seja passando um batom vermelho ou usando uma saia curta, sofre uma retaliação. Quem ela pensa que é? Vadia, puta, biscate. A objetificação transforma a sexualidade e sensualidade das mulheres como algo diretamente voltado aos homens, como se ali não estivesse uma pessoa e sim uma boneca inflável, feita pra satisfazer e ser olhada - e depois chutada. 

Sempre que uma mulher resolve por si própria tomar as rédeas do próprio corpo, mostrá-lo, escondê-lo, ou fazer dele qualquer coisa que não tenha a atenção masculina como alvo, dá um tilt no pessoal. Imagina só que louco você não ser protagonista de uma coisa. Como assim ela se veste dessa forma e não quer que eu fale nada? Como assim o sutiã está aparecendo e eu tenho que ficar calado? Como assim ninguém pediu minha opinião? Olha aí, ela só quer aparecer.

Quero mesmo, migo, mas fica de boa aí que não é pra você. 


No caso específico de ontem, não saí de cara no intuito de sambar na cara do patriarcado de minissaia branca e batom vermelho. Não pensei, enquanto me aprontava, que era um belo dia pra rachar o macho que tentasse me oprimir. Era só um dia como outro qualquer, uma saia branca como outra qualquer, e um batom vermelho - esse sim, nunca é uma coisa qualquer, mas é só porque o batom era lindo demais. Eu estava cagando pro mocinho enquanto lia mais uma vez  a contracapa de Vivian Contra o Apocalipse e pensava se valeria a pena o gasto, tão situada que achei mais fácil ter feito cocô nas calças do que ofender a moral alheia com minhas pernas. Eu estava de tênis, sabe? Tênis e uma camisa GG. 

Mas como gente escrota não tira férias, fui obrigada a passar por isso e vim aqui contar essa história não pra gente se revoltar e se indignar com o machismo nosso de cada dia, mas pra lembrar que ninguém tem o direito de intimidar vocês pela roupa que vocês usam, e não há nada que justifique alguém transtornado invadir dessa forma a vida de vocês. Eles que são os loucos. Não tira o batom vermelho, não desiste da minissaia, obrigue o mundo a lidar com isso e bola pra frente. 

2015, caras, superem

Alguns links para saber mais: 
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